Do Micro Ao Macro

Apenas 32% das mulheres no mercado de trabalho chegam à gerência, mostra estudo do LinkedIn

Representação feminina cai à medida que cargos ficam mais altos, com perdas de até 46% em setores como tecnologia e finanças

Apenas 32% das mulheres no mercado de trabalho chegam à gerência, mostra estudo do LinkedIn
Apenas 32% das mulheres no mercado de trabalho chegam à gerência, mostra estudo do LinkedIn
Mais de 60% das nanoempreendedoras das Vendas Diretas são mulheres e jovens Foto: ABEVD
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A presença feminina em cargos de gerência no Brasil ainda é limitada, segundo o relatório State of Women in Leadership, divulgado pelo LinkedIn. A plataforma aponta que, embora as mulheres representem 45% da força de trabalho no país, apenas 32% ocupam cargos de gerência. O dado mostra um avanço tímido em relação aos 29% registrados em 2015 e revela estagnação nos últimos dois anos.

À medida que os cargos se tornam mais altos, a participação das mulheres diminui. Na transição de gerência para diretoria, a queda é de 17 pontos percentuais. De diretoria para vice-presidência, o recuo chega a 21 pontos. Esse fenômeno, conhecido como The Broken Rung — ou “degrau quebrado” —, indica entraves estruturais na progressão de carreira das mulheres.

Diferenças por setor e impacto na liderança

A disparidade de gênero é ainda mais acentuada em áreas como tecnologia e serviços financeiros. Nestes setores, as perdas na trajetória profissional chegam a 40% e 46%, respectivamente. A análise é de Ana Claudia Plihal, head de Soluções para Talentos do LinkedIn Brasil. “Ao olharmos para o topo das organizações, vemos que o número de mulheres diminui drasticamente”, afirma.

Segundo Plihal, empresas que promovem diversidade têm desempenho financeiro superior e mais capacidade de inovação. Para ela, ampliar o espaço das mulheres não é só uma questão de justiça, mas uma estratégia de negócios.

Quadro latino-americano e tendência global

Na América Latina, o número total de contratações caiu 22% em janeiro de 2025, em comparação com o mesmo mês de 2024. Esse recuo pode acentuar as dificuldades para mulheres que tentam progredir na carreira. No cenário global, 45% das novas contratações foram de mulheres, uma queda de 1,6 ponto percentual em relação ao ano anterior.

Foco em habilidades pode ampliar acesso

Uma das soluções apontadas pelo estudo é adotar critérios de contratação e promoção baseados em habilidades. Essa abordagem pode aumentar em até 13 vezes o alcance das mulheres para funções nas quais estão sub-representadas. No Brasil, a adoção dessa prática pode elevar em 12% a presença feminina em cargos historicamente ocupados por homens.

Setores como tecnologia, construção e logística são exemplos onde a aplicação desse modelo pode equilibrar o mercado. Já em áreas com predominância feminina, como saúde e serviços ao consumidor, o foco nas competências pode fortalecer a diversidade e estimular novas ideias.

Ações práticas para reverter o cenário

Para mudar esse cenário, o estudo recomenda processos seletivos mais inclusivos, com descrições de vagas voltadas a competências em vez de exigências específicas de experiência. Também sugere programas de mentoria, estímulo ao aprendizado contínuo e revisão de políticas de benefícios, com foco em flexibilidade e suporte ao desenvolvimento profissional das mulheres.

Plihal defende que a transformação depende de compromisso institucional e mudança cultural. “A mudança cultural, aliada a ações corporativas intencionais, é o caminho para um futuro onde mulheres ocupem, cada vez mais, cadeiras de tomadoras de decisão e sejam reconhecidas pelo talento e competência que já demonstram diariamente no mercado de trabalho”, afirma.

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