CartaExpressa
Partido Novo vai à Justiça para derrubar lei que permite jornada de 30h para servidores em Juiz de Fora
Legenda da direita alega que a medida aprovada na cidade mineira é inconstitucional; Prefeitura sustenta que norma é legal e que partido apenas atua ‘contra o direito dos trabalhadores’


O partido Novo acionou, nesta sexta-feira 4, a Justiça de Minas Gerais para tentar derrubar uma lei do município de Juiz de Fora que permite a redução da jornada de servidores efetivos para 30 horas semanais. A regra prevê que a nova carga horária não afetará os salários.
O projeto foi sancionado na última segunda-feira 31 pela prefeita Margarida Salomão (PT-MG). Em linhas gerais, a nova lei permite que servidores efetivos atuem com uma carga horária de, no máximo, 30 horas semanais. A regra só vale para efetivos e não pode ser aplicada a quem ocupa cargos de diretoria, chefia, assessoramento ou que exercem funções gratificadas. A nova escala passa a vigorar nesta segunda-feira 7, mas será aplicada de forma gradual.
A lei, argumentou a prefeita, está em linha com movimentos e pesquisas globais que indicam que a redução de jornada contribui para a ampliação da satisfação dos trabalhadores e consequente aumento da produtividade. Modelo parecido de jornada foi proposto nacionalmente, para todos os trabalhadores, na chamada PEC do fim da jornada 6×1.
A lei sancionada em Juiz de Fora também prevê o reajuste anual nos salários para repor a inflação e um aumento no número de servidores que terão direito ao vale-alimentação.
Para o partido da direita, no entanto, a nova regra, no que diz respeito à jornada de trabalho, é inconstitucional. O Novo sustenta que a redução da carga horária não atende ao princípio do interesse público por supostamente beneficiar pessoalmente os servidores. “Não pode o interesse particular, especialmente dos servidores públicos, ser o mote do agir da Administração Pública”, alega o partido na ação.
O TJ de Minas ainda não analisou o pedido.
Em nota, a prefeitura de Juiz de Fora sustenta que a nova lei está dentro da legalidade e que ‘não causa estranheza que o partido Novo seja contrário a uma medida que visa dar mais direitos aos trabalhadores’. “A Prefeitura irá defender com serenidade essa conquista dos servidores públicos do Município”, destaca o comunicado.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Erika Hilton se reúne com Gleisi Hoffmann para debater PEC da escala 6×1
Por Wendal Carmo
A Bíblia e a escala 6×1
Por Priscilla dos Reis Ribeiro
Contratos 6×1: a cara do Brasil que trabalha demais e ganha de menos
Por Marcelo Soares