Cultura
As luzes e formas ao nosso redor
Obras de Hélio Campos Mello reunidas em uma exposição buscam capturar a beleza do cotidiano comum


Fotojornalista, ex-diretor de redação da revista Isto É e correspondente de guerra da Agência Estado, Hélio Campos Mello acostumou-se, em sua trajetória profissional, a ver e registrar coisas duras.
Mas hoje, aos 77 anos, ele diz desejar olhar, sobretudo, para a luz da vida comum. Morador de um apartamento no nono andar de um prédio no bairro de Higienópolis, em São Paulo, ele é capaz, por exemplo, de se levantar bem cedo apenas para tentar ver a fugidia luz da manhã que tinge os prédios da região. “Ela acaba muito rápido”, conta.
É essencialmente de luzes e formas que deixam adivinhar através de janelas que se constitui a exposição Discretas Janelas, que foi aberta na segunda-feira 31 de março no Bar Balcão, nos Jardins, em São Paulo.
Nas paredes, estão expostas 20 obras de Mello. A maioria deles data de 2022 em diante, mas há também imagens das décadas de 1970 e 1980 escolhidas por dialogarem com as mais recentes.
“Hoje, não cubro mais guerras nem manifestações. O que eu faço neste nosso caminhar incivilizado pela cidade é olhar meu entorno. Tenho atração pelas formas e pelo que a luz faz delas. Meu olhar, de alguma forma, me faz descansar”, diz ele, que cobriu as guerras do Golfo, em 1991, e a invasão do Panamá, em 1989.
Em suas perambulações atuais pelas ruas, Mello costuma estar com uma câmera Canon PowerShot G3 X – pequena, e com uma lente bastante flexível. Mas é claro que, muitas vezes, é a própria câmera do celular que registra aquilo que o capturou.
A exposição, “fruto de uma curiosidade, o cotidiano”, é também, segundo Mello, o tira-gosto para o site e o livro que lançará em breve. •
Publicado na edição n° 1356 de CartaCapital, em 09 de abril de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘As luzes e formas ao nosso redor’
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