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Trump anuncia tarifa de 10% a todos os produtos do Brasil

O presidente republicano afirmou que este é o ‘Dia da Liberação’ dos EUA

Trump anuncia tarifa de 10% a todos os produtos do Brasil
Trump anuncia tarifa de 10% a todos os produtos do Brasil
O presidente dos EUA, Donald Trump, anuncia tarifaço em 2 de abril de 2025. Foto: Brendan Smialowski/AFP
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Após semanas de especulações e ameaças, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira 2 que vai impor ‘tarifas recíprocas’ a importações de uma série de países. A taxa para o Brasil será de 10%.

Segundo o presidente republicano, a tarifa é no mesmo percentual que o Brasil cobra para produtos com origem dos EUA. Outros países da América do Sul como Argentina, Colômbia, Equador, e Peru, também terão uma tarifa de 10%.

Para a China, a taxa fixada foi de 34%; União Europeia, 20%; Índia, 26%; Japão, 24% e Vietnã, 46%. A maior tarifa ficou com o Lesoto e Saint-Pierre e Miquelon, ambos com 50% (veja a lista completa abaixo).

Segundo a Casa Branca, os encargos entram em vigor em duas fases: na sexta-feira 5, às 1h01 do horário de Brasília, serão aplicadas as taxas que somam pelo menos 10% – como no caso do Brasil. No dia 9 de abril entram em vigor as tarifas mais altas.

Trump afirmou que este é o “Dia da Libertação” dos EUA, seguindo com a retórica de que países “roubam” os Estados Unidos com uma balança comercial que seria prejudicial para os americanos.

Segundo Trump, países impuseram tarifas para “dizimar” os Estados Unidos e que os dias de não dar respostas acabou. “Hoje finalmente vamos conseguir que os EUA sejam grandes de novo, maior do que jamais foi. Trabalhos vão voltar para o nosso País e vamos reforçar nossa indústria doméstica”, disse.

Em resposta, o governo brasileiro afirmou imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a reciprocidade comercial “não reflete a realidade”.

“O governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais”, disse uma nota conjunta do Ministério de Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

No último sábado 29, o presidente Lula (PT), afirmou o País tem buscado uma solução negociada antes de partir para medidas mais drásticas. “Antes de fazer a briga da reciprocidade ou de fazer briga na OMC, queremos gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos”, afirmou.

Pensando nesta orientação de Lula, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou a se reunir nesta quarta-feira 2 com o chefe do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer. O objetivo brasileiro foi compreender a posição a ser adotada diante desse cenário, de modo a reduzir os prejuízos para o País.

Trump sustenta sua ofensiva comercial com o discurso de que preciso reindustrializar os EUA e garantir empregos em regiões-chave do País. “Desde o começo do acordo com o México e o Canadá [Tratado Norte-Americano de Livre Comércio , o NFTA] perdemos 9 mil fábricas e 5 milhões de empregos nas indústrias foram perdidos”, afirmou em seu discurso na Casa Branca.

Caminhões em fila na travessia comercial entre San Diego, na Califórnia (EUA), e Tijuana, na Baixa Califórnia (México). Foto: Guillermo Arias/AFP

Ainda não ficou claro como ficará situação do aço, taxado em 25% no mês passado, ou de outras nações como a China, que já é alvo de tarifas extras dos EUA desde o começo do ano.

Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, Trump aumentou as tarifas para produtos procedentes da China, para uma parte dos produtos do México e Canadá, parceiros dos Estados Unidos no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC).

Na quinta-feira, um minuto após a meia-noite em Washington (1h01 de Brasília), também adotará uma tarifa adicional de 25% sobre os automóveis e autopeças fabricados no exterior.

As principais economias do planeta prometeram represálias. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, disse, sem dar mais detalhes, que vai anunciar “um programa abrangente”. O País é um dos mais vulneráveis à taxação, pois envia mais de 80% de suas exportações para os Estados Unidos.

A União Europeia, por exemplo, prevê medidas “antes do final de abril”, afirmou a porta-voz do governo francês, Sophie Primas.

Veja a lista completa de tarifas impostas por Trump

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