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Moraes rebate tese de que STF estaria condenando ‘velhinhas com Bíblia na mão’ pelo 8 de Janeiro

Segundo o ministro, 91% dos condenados pelos atos golpistas são pessoas com menos de 60 anos e a maioria das penas de prisão teve menos de três anos

Moraes rebate tese de que STF estaria condenando ‘velhinhas com Bíblia na mão’ pelo 8 de Janeiro
Moraes rebate tese de que STF estaria condenando ‘velhinhas com Bíblia na mão’ pelo 8 de Janeiro
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, faz a leitura do relatório que aponta a existência de uma organização criminosa liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Gustavo Moreno/STF
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O ministro Alexandre de Moraes rebateu, nesta terça-feira 25, a narrativa de que o Supremo Tribunal Federal estaria condenando “velhinhas com a Bíblia na mão” no julgamento dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. A declaração ocorreu durante a análise de defesas no inquérito que apura a tentativa de golpe, em sessão da Primeira Turma do STF.

O colegiado decide se aceita ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, apontados como parte do núcleo central da articulação golpista. Após as manifestações das defesas, Moraes passou a apresentar suas considerações antes da leitura de seu voto sobre a acusação da PGR.

Durante a fase de análise das chamadas “preliminares” — quando são avaliadas questões técnicas antes do mérito da denúncia —, o ministro rejeitou a ideia de que inocentes estariam sendo punidos.

“Se cria uma narrativa assim como a Terra seria plana: o Supremo Tribunal Federal estaria condenando, ‘velhinhas com a Bíblia na mão’, que estariam passeando num domingo ensolarado pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Congresso Nacional e pelo Palácio do Planalto”, afirmou. “Nada mais mentiroso do que isso. Ninguém lá estava passeando, e as imagens demonstram isso.”

O discurso de Moraes responde a alegações difundidas por parlamentares bolsonaristas e aliados nas redes sociais, nas quais apontam um exagero na dosagem de pena de condenados pelo vandalismo em Brasília. O magistrado ainda aproveitou o momento para apresentar dados que descontroem essa tese.

De acordo com o ministro, 91% dos condenados pelos atos golpistas são pessoas com menos de 60 anos e a maior parte das condenações foram de penas de prisão de até três anos, sendo posteriormente substituídas por penas restritivas de direitos. Apenas 43 dos condenados receberam penas superiores a 17 anos, representando menos de 10% do total, ainda segundo ele.

“Essa narrativa de que só mulheres e idosas são condenadas é totalmente mentirosa”, concluiu Moraes, alertando para a disseminação de desinformação nas redes sociais.

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