Sociedade

Caso Vitória: polícia investiga possibilidade de ela ter sido vítima de stalker

Documentos aos quais o programa ‘Fantástico’ teve acesso podem mudar os rumos da investigação

Caso Vitória: polícia investiga possibilidade de ela ter sido vítima de stalker
Caso Vitória: polícia investiga possibilidade de ela ter sido vítima de stalker
A jovem Vitória Regina de Sousa. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

As investigações sobre a morte da jovem Vitória Regina Souza, encontrada morta em Cajamar, região metropolitana de São Paulo, sofreram uma reviravolta, conforme revelou o programa Fantástico, da TV Globo, no domingo 16. Ela pode ter sido vítima do crime de stalking, ou seja, perseguição, antes de ser assassinada.

Um laudo pericial ao qual o programa jornalístico da Globo teve acesso mostra que o principal suspeito de ter cometido o crime, Maicol Antonio Sales dos Santos, que está preso preventivamente, pode ter agido sozinho. Ele tinha uma coleção de fotos da vítima no celular, o que indica comportamento obsessivo.

O trabalho de investigação identificou, ainda, fotos de armas e facas no celular do suspeito, além de imagens de moças com aparências físicas semelhantes à de Vitória.

Conforme aponta a perícia, Maicol viu postagem de Vitória em rede social às 0h06 de 27 de fevereiro – cerca de 20 minutos antes de ela descer do ônibus em que estava quando saía do trabalho. A polícia acredita que ele possa tê-la interceptado no caminho do ponto de ônibus até a casa onde morava.

Um depoimento de testemunha, ao qual o Fantástico também teve acesso, indica que o carro de Maicol foi visto próximo ao local do desaparecimento na mesma noite.

As novas provas podem mudar os rumos da investigação, mas a polícia, ao menos por enquanto, ainda não descartou o envolvimento dos outros suspeitos: Gustavo Vinícius Moraes, ex-namorado da vítima, e Daniel Lucas Pereira, que mora na mesma região. Os dois alegam inocência.

O crime

Em 27 de fevereiro, Vitória Regina saiu do local em que trabalhava, um restaurante em um shopping de Cajamar, e entrou em um ônibus que a deixaria a cerca de 15 minutos de casa. No trajeto, a jovem chegou a mandar mensagens para uma amiga dizendo estar com medo de dois homens que estavam próximos a ela no ponto de ônibus.

Na sequência, ela enviou mais mensagens afirmando que um dos homens embarcou no mesmo coletivo. Ao descer, já perto de sua casa, a adolescente tranquilizou a amiga: “Ah, amiga, mas tá de boa. Eles tavam no ônibus, só que nenhum deles desceu no mesmo ponto que eu. Então tá de ‘boaça’. Não tem problema nenhum“.

Segundo o delegado, o trajeto do ponto de ônibus até a casa da adolescente duraria cerca de 15 minutos a pé e seria bastante escuro. O pai da adolescente costumava buscá-la no ponto final do ônibus, mas carro da família estava quebrado naquela noite.

Após desembarcar do ônibus, Vitória voltou a mandar mensagens para a amiga e disse temer a presença de dois homens em um carro que a teriam assediado. Também afirmou que o veículo se afastou dela e seguiu rumo a uma favela da região.

“Passou os cara no carro e eles falou: ‘e aí, vida? Tá voltando?’ Ai, meu Deus do céu, vou chorar. Vou mexendo no celular. Não vou nem ligar pra eles. Ah, deu tudo certo. Eles entraram pra dentro da favela. Uh… saiu até lágrima dos meus zóio agora. Nossa, até me arrepiei. A hora que eles passaram lá do outro lado e falaram, ‘aê, vida’… aí eles voltou, fio, pra quê… falei: pronto, esses menino vai voltar aqui. Mas aí eles entraram ali na favela. Acontece essas coisas eu não consigo correr. Eu paraliso. Eu não sei o que eu faço. Eu não consigo correr. Eu fico parada.”

Esta foi a última mensagem disparada pela jovem. O corpo dela foi encontrado no dia 5 de março.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo