Política
Em dia de morte por queda de árvore, São Paulo recebe o certificado ‘Cidade Árvore do Mundo’
Parlamentares acionaram o Ministério Público paulista contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) por improbidade administrativa


Um taxista morreu no centro da cidade de São Paulo quando uma árvore caiu sobre seu veículo, na quarta-feira 12, durante um temporal acompanhado de rajadas de vento. Horas antes das fortes chuvas, porém, a capital paulista recebeu, pelo quarto ano consecutivo, o certificado de “Cidade Árvore do Mundo”, concedido pela Arbor Day Foundation e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação a municípios que se destacam na preservação e na promoção da vegetação urbana.
Cinco critérios são levados em conta para a premiação: responsabilidade com as árvores urbanas, políticas de arborização, avaliações de árvores e florestas, orçamento anual e celebrações de conquistas.
O Corpo de Bombeiros contabilizou 217 chamados para quedas de árvores. Também na região central, caiu uma das árvores mais antigas da cidade, um chichá de aproximadamente 200 anos que ficava no Largo do Arouche, na República. Não houve vítimas.
As quedas de árvores, somadas a alagamentos, falta de energia elétrica e trânsito acima da média, marcaram mais um dia caótico, em meio às críticas direcionadas à prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes (MDB).
Parlamentares do PSOL, por exemplo, acionaram o Ministério Público contra o prefeito por improbidade administrativa.
Na ação, a deputada federal Luciene Cavalcante, o deputado estadual Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi, os três do PSOL, afirmam que a morte do taxista resultou da falta de manutenção adequada. Eles acusam Nunes de omissão e pedem que o órgão apure a conduta do prefeito.
Outro pedido é para que a Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo considere uma ação por danos morais coletivos pelos prejuízos causados e tome medidas para obrigar a prefeitura a aterrar os fios elétricos da cidade.
O que diz a prefeitura de São Paulo
Em nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) informou que 129 equipes atuam na cidade para manejo em árvores, com cerca de 10 colaboradores em cada uma delas.
Citou ainda que a pasta organizou uma força tarefa mobilizando equipes de outras regiões para dar apoio às áreas mais críticas, caso de Pinheiros, Lapa, Butantã e Sé, que foram as regiões mais atingidas pelos fortes ventos e registraram o maior número de quedas de árvores.
Ainda de acordo com a Prefeitura de São Paulo, somente em 2024, 163.808 árvores foram podadas em toda a cidade, além da remoção de 13.341, número 39% maior do que em relação a 2019, quando foram podadas 117.856 árvores. Por dia, foram realizadas, em média, 447 podas de árvores na capital. Em janeiro e fevereiro de 2025, foram 23.590 árvores podadas e 2.835 removidas.
Sobre os serviços de poda e remoção, a gestão Nunes informou que, atualmente, há cerca de 25 mil pedidos no estoque. E que há 3.203 árvores pendentes a serem podadas pela Enel.
“A administração municipal não realiza procedimento de poda ou remoção de árvores que estejam em contato com a rede elétrica, por motivos de segurança”, informou a Prefeitura.
Nos casos, a Prefeitura disse que a Enel é acionada para o corte de energia e liberação dos galhos da rede e que, após a intervenção, a Subprefeitura dá continuidade ao serviço de poda/remoção.
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