Mundo

Premiê português cai após denúncia de conflito de interesses

Luís Montenegro perdeu voto de confiança no Parlamento, abrindo caminho para novas eleições; denúncia envolve pagamentos de uma operadora de cassinos a empresa de consultoria fundada pelo político

Premiê português cai após denúncia de conflito de interesses
Premiê português cai após denúncia de conflito de interesses
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, em 11 de março de 2025, dia em que perdeu voto de confiança do Parlamento. Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP
Apoie Siga-nos no

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, e seu governo de centro-direita perderam nesta terça-feira 11 um voto de confiança no Parlamento. Com a derrota, seu governo será dissolvido e novas eleições gerais convocadas.

É a segunda vez em menos de dois anos que um governo em Portugal é destituído sob alegações de conduta inadequada. A votação foi convocada contra Montenegro após uma denúncia de conflito de interesse envolvendo uma empresa de consultoria da família do político.

Em uma votação de 142 a 88, sem abstenções, o Parlamento destituiu Montenegro. Os legisladores da oposição exigem mais detalhes sobre o assunto, e o Partido Socialista, de centro-esquerda, pediu uma investigação parlamentar oficial.

A oposição acusa Montenegro de ter se valido de sua posição de primeiro-ministro para beneficiar uma empresa fundada por ele, a Spinumviva, com pagamentos mensais de 4.500 euros (cerca de 28 mil reais) de uma operadora de cassinos, a Solverde, que atua sob concessão do Estado.

Montenegro negou qualquer irregularidade e afirma que colocou o controle da empresa totalmente nas mãos de sua esposa e de seus filhos em 2022. Ele já disse anteriormente que continuará sendo o candidato do Partido Social Democrata (PSD), do qual é líder, mesmo que o governo entre em colapso.

Diante desse cenário, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa anunciará novas eleições, previstas para ocorrer em meados de maio.

Moção de desconfiança

Montenegro propôs a moção já ciente de que seria recusada. Os principais partidos de oposição — o Partido Socialista, de centro-esquerda, e o Chega, de extrema-direita — tiveram importante papel para o resultado.

Uma moção de desconfiança é votada quando parlamentares sentem a necessidade de reavaliar o governo, no caso de países parlamentaristas ou semiparlamentaristas. Com a rejeição da moção, o governo de Montenegro assume um papel de interino, e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, terá de decidir sobre as eleições antecipadas.

Segundo nota divulgada pela Presidência do país, Rebelo deve acelerar os procedimentos e ouvir nesta semana os líderes dos partidos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo