Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Jazz me deu a consciência artística e hip hop, a consciência política, diz Jonathan Ferr

Destaque com som inovador e várias fusões, o músico prepara seu quarto álbum

Jazz me deu a consciência artística e hip hop, a consciência política, diz Jonathan Ferr
Jazz me deu a consciência artística e hip hop, a consciência política, diz Jonathan Ferr
Foto: Divulgação
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O cantor, compositor e pianista Jonathan Ferr lançou três álbuns: Trilogia do Amor (2019), Cura (2021) e Liberdade (2023). Seu trabalho mistura jazz, soul, rap, gospel e música eletrônica. São fusões muito bem apresentadas, únicas e proeminentes.

“Meu som é uma música urbana espiritual. Gosto muito de pensar a ideia da urbanidade”, afirmou a CartaCapital. Jonathan entende que a experiência de viver é o que está impresso em seus discos.

O músico sustenta não tratar espiritualidade como religião, mas incentivar que cada um desperte sua autoconsciência.

Nascido e criado em Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, Jonathan diz que o Baile Charme está muito presente em sua música. Trata-se de um antigo acontecimento carioca de música negra que o artista frequentou.

“Foi o grande responsável para descobrir quem eu era”, resume. “Foi um espaço de autopertencimento muito forte e isso reverberou na minha música.”

Ele diz, porém, ter recebido influências de outras sonoridades do bairro de Madureira, como o Jongo da Serrinha e o samba das escolas Império Serrano e Portela. Já o hip hop, segundo ele, o despertou para a negritude e a consciência política.

Mas foi o jazz que lhe deu consciência artística e levou Ferr à música. “O disco que mudou a minha vida e norteia a minha carreira é A Love Supreme (1965), de John Contrane (saxofonista e compositor americano). Decidi estudar e tocar jazz por conta desse disco.”

Além de uma sonoridade bem particular, seus discos são formados por letras de busca interior e vivências pessoais, com tom reflexivo e crítico. Ele trabalha agora para lançar seu novo álbum em maio.

Em seus trabalhos, faz questão de acompanhar toda a produção e elaborar os arranjos. “Eu canto, toco piano. Gosto de pensar que o álbum é uma contação de história, como um livro. Uma literatura auditiva.”

O fio condutor de seu quarto álbum será um episódio de 2023, quando desembarcou na Europa para fazer sua primeira turnê.

“Dois dias depois de chegar lá, meu pai faleceu. Tive de fazer uma escolha entre seguir a turnê, que teria 30 dias de muitos shows, ou retornar para o velório. Decidi seguir, porque acho que é o que ele queria”, revela. “Nossa última conversa foi momentos antes de eu pegar o voo. Isso me tocou.”

O disco, segundo Jonathan, será “bem emocional” e com mais experimentações.

O músico tocará no South by Southwest, mais conhecido como SXSW, em Austin, no Texas (EUA), de 7 a 15 de março. Trata-se de um dos eventos mais importantes no mundo sobre cinema, mídia interativa, música e tecnologia. É a sua primeira vez nos Estados Unidos.

O convite surgiu depois ele de ser, no ano passado, o ponto alto do Womex, a maior feira de negócios da música da Europa.

Assista à entrevista de Jonathan Ferr a CartaCapital:

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