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Dissidente iraniana Mohammadi diz que as mulheres derrubarão o sistema islâmico do Irã
“Estou convencida de que se a República Islâmica sobreviver a uma guerra, ela não sobreviverá contra as mulheres”, disse Narges, referindo-se ao risco de um conflito armado entre o Irã e Israel ou os Estados Unidos.
A dissidente iraniana e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Narges Mohammadi disse, neste sábado (8), que as mulheres derrubarão o sistema islâmico estabelecido no Irã após a revolução de 1979.
“As mulheres se rebelaram contra a República Islâmica a tal ponto que o regime não tem mais poder para reprimi-las”, disse ela em uma mensagem de vídeo em persa por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
A ativista apareceu sem o véu exigido pelas mulheres iranianas, que ela nunca usa.
“Estou convencida de que se a República Islâmica sobreviver a uma guerra, ela não sobreviverá contra as mulheres”, acrescentou ela, referindo-se ao risco de um conflito armado entre o Irã e Israel ou os Estados Unidos.
Mohammadi, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2023 por sua longa luta pelos direitos humanos no Irã, foi libertada sob fiança em dezembro por motivos de saúde.
No entanto, seus advogados temem que ela possa ser devolvida à prisão a qualquer momento.
Mesmo na prisão ela foi uma fervorosa apoiadora das manifestações “Mulheres, Vida, Liberdade” de 2022-2023, lideradas por mulheres após a morte na prisão de uma jovem curda iraniana, Mahsa Amini, detida por supostamente não respeitar o código de vestimenta estabelecido para as mulheres no país.
O movimento continua preocupando as autoridades, mesmo tendo quase desaparecido diante da feroz repressão.
Segundo Mohammadi, as mulheres iranianas estão sujeitas ao apartheid de gênero desde 1979.
“Espero que as mulheres continuem liderando a luta contra a tirania religiosa”, disse ela em sua mensagem.
Mohammadi, de 52 anos, foi libertada da prisão de Evin em dezembro, a primeira vez desde sua detenção em novembro de 2021. Ela passou grande parte da última década atrás das grades.
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