Mundo
Rússia considera a ‘retórica nuclear’ de Macron uma ‘ameaça’
O político europeu propôs proteger o continente com a ajuda do guarda-chuva nuclear da França


A Rússia classificou, nesta quinta-feira 6, como uma “ameaça” as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que no dia anterior propôs proteger a Europa com a ajuda do guarda-chuva nuclear francês.
“É claro que é uma ameaça à Rússia. Se ele nos vê como uma ameaça” e “diz que é necessário (…) preparar o uso de armas nucleares contra a Rússia, é claro que é uma ameaça”, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, em uma entrevista coletiva.
Em um discurso exibido na televisão na terça-feira, o presidente francês anunciou sua intenção de “abrir um debate estratégico” sobre a proteção do continente com a ajuda do guarda-chuva nuclear francês.
Macron também alertou sobre o que chamou de “ameaça russa” que afeta “países europeus” e afirmou que a “agressividade” de Moscou “parece não conhecer fronteiras”, três anos após o início da ofensiva na Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusou o presidente francês de querer que “a guerra continue” na Ucrânia, em um momento em que Rússia e Estados Unidos expressam sua intenção de avançar com as negociações de paz.
Peskov afirmou que o discurso de Macron “dificilmente pode ser percebido como um discurso de um chefe de Estado que esteja pensando na paz. A França, na verdade, está pensando em guerra”, disse ele, também denunciando a “retórica nuclear” do presidente francês.
Macron “todos os dias faz declarações que estão completamente fora da realidade e contradizem suas declarações anteriores. Ele é um charlatão”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, segundo a agência Ria Novosti.
A porta-voz acrescentou que Macron “terá que pedir desculpas à sua própria população por tê-la enganado”.
Tudo isso ocorre em um momento de aproximação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o russo Vladimir Putin, o que provoca o temor da imposição de uma paz contrária aos interesses da Ucrânia e da segurança da Europa.
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