Cultura
‘Ainda Estou Aqui’ vence o Oscar de Melhor Filme Internacional
Filme dirigido por Walter Salles trouxe a primeira estatueta da história do Brasil; Mikey Madison superou Fernanda Torres na disputa pelo prêmio de Melhor Atriz


O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional. Essa é a primeira vez que um filme brasileiro recebe uma estatueta na premiação.
Os vencedores foram anunciados na noite deste domingo 2 em Los Angeles, nos EUA.
O longa brasileiro conta a história da família Paiva em busca de respostas após o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura. O político foi morto por militares em circunstância, até hoje, pouco explicadas.
Rubens foi interpretado por Selton Mello. O papel de Eunice Paiva, que lidera a jornada em busca das explicações sobre o sumiço do marido, é interpretado por Fernanda Torres. A atriz concorria ao prêmio de Melhor Atriz, mas foi superada por Mikey Madison, que atuou em Anora.
“Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir”, disse Salles, ao receber a estatueta. “Também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.”
Alile Dara Onawale/Sony Pictures
Para conquistar o inédito Oscar, o longa brasileiros venceu uma disputa acirrada com Emilia Pérez (França), A Garota da Agulha (Dinamarca), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
Melhor Filme
Ainda Estou Aqui concorria também na principal categoria do Oscar, a de Melhor Filme, mas foi superado por Anora, dirigido por Sean S. Baker.
Veja quem são os vencedores das principais categorias do Oscar:
- Melhor filme: Anora
- Melhor diretor: Sean Baker, Anora
- Melhor ator: Adrien Brody, O Brutalista
- Melhor atriz: Mikey Madison, Anora
- Melhor ator coadjuvante: Kieran Culkin, A Verdadeira Dor
- Melhor atriz coadjuvante: Zoe Saldana, Emilia Perez
- Melhor roteiro original: Sean Baker, Anora
- Melhor roteiro adaptado: Peter Straughan, Conclave
- Melhor filme internacional: Ainda Estou Aqui (Brasil)
- Melhor filme de animação: Flow
- Melhor documentário: No Other Land
- Melhor edição: Sean Baker, Anora
- Melhor figurino: Paul Tazewell, Wicked
- Melhor maquiagem e cabelo: A Substância
- Melhor canção original: Clement Ducol, Camille e Jacques Audiard, El Mal, de Emilia Perez
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Cacá Diegues, pioneiro do Cinema Novo, morre aos 84 anos
Por CartaCapital
Poesia no cinema, liberdade nos livros, resistência na política
Por Milton Rondó
Cinema e futebol
Por Afonsinho
A íntima ligação entre ‘Ainda Estou Aqui’ e ‘Trilha Sonora para um Golpe de Estado’
Por Milton Rondó
Assassinato de Rubens Paiva é herança de práticas utilizadas pela polícia nas periferias, afirma historiador
Por Sebastião Moura e Ana Luiza Sanfilippo