Mundo
Papa Francisco tem noite tranquila mas segue em estado grave, informa Vaticano
Pontífice completou 13 dias de internação em Roma


O papa Francisco, cujo estado de saúde permanece “crítico”, teve “uma noite tranquila”, anunciou nesta quarta-feira 26 o Vaticano, no dia em que o jesuíta argentino de 88 anos completa 13 dias de hospitalização para tratar uma pneumonia bilateral.
O líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo, internado na clínica Gemelli de Roma, passou “uma noite tranquila e está descansando”, afirmou a Santa Sé em um breve comunicado.
Na noite de terça-feira, o Vaticano informou que o estado de saúde continuava “crítico, mas estável”, com prognóstico “reservado”, mas que o pontífice havia trabalhado durante o dia.
O boletim médico também indicou que ele foi submetido a uma “TC (tomografia computadorizada) de controle programada para o monitoramento radiológico da pneumonia bilateral”, uma infecção do tecido pulmonar potencialmente fatal.
Segundo uma fonte do Vaticano, os resultados do exame, o terceiro desde sua hospitalização, devem ser conhecidos nesta quarta-feira.
A saúde de Jorge Bergoglio preocupa o mundo inteiro. Católicos rezam por sua rápida recuperação de sua cidade natal de Buenos Aires até a Praça de São Pedro, onde na terça-feira fiéis e cardeais rezaram um rosário pela segunda noite consecutiva.
A cena lembrou as concentrações organizadas antes da morte de João Paulo II, em 2005, mas o cardeal hondurenho Óscar Rodríguez Maradiaga, que coordenou o Conselho de Cardeais do papa, afirmou que “ainda não é o momento para que ele vá para o céu”.
“Sempre rezamos por ele e agora redobramos”, disse na noite de terça-feira Marcela Oviedo, 55 anos, durante uma missa pela saúde do papa celebrada em Roma.
Na manhã desta quarta-feira, velas, desenhos e mensagens de apoio ao papa Francisco decoravam a estátua de João Paulo II diante do Hospital Gemelli, epicentro dos jornalistas que cobrem o noticiário do Vaticano há quase duas semanas.
Renúncia?
A hospitalização, a quarta e mais longa desde 2021, provoca grande preocupação devido aos problemas anteriores que debilitaram a saúde do pontífice nos últimos anos: operações no cólon e no abdômen, além de dificuldades para caminhar.
E provocou novos questionamentos sobre a capacidade de Francisco para desempenhar suas funções, em particular porque o direito canônico não prevê nenhum dispositivo em caso de um problema grave que possa afetar sua lucidez.
A decisão anunciada pelo papa na segunda-feira de convocar um consistório de cardeais, em uma data que ainda será definida, também aumentou as especulações sobre a possibilidade de renúncia.
O jornal La Repubblica lembrou nesta quarta-feira que Bento XVI anunciou sua renúncia ao papado em 2013 durante um consistório sobre canonizações, “palavra que suscita uma apreensão instintiva” desde então.
Mas para o jornal Il Messaggero, a convocação envia “um sinal claro para toda a cúria, uma forma elegante de deixar claro que (Francisco) continua no comando e que não tem intenção de dar um passo atrás”.
“Bento demonstrou que o papa pode renunciar e acredito que Francisco tem a liberdade interior para fazer o mesmo, se considerar necessário”, declarou ao jornal La Stampa o cardeal italiano Augusto Paolo Lojudice.
O pontífice argentino já afirmou diversas vezes, no entanto que o momento ainda não chegou. Além disso, tem se mostrado mais ativo desde o início da semana.
Na segunda-feira, ele ligou para a paróquia de Gaza, como tem feito desde o início da guerra, e autorizou várias canonizações, incluindo a do “médico dos pobres” José Gregorio Hernández, que será o primeiro santo da Venezuela.
Líderes de todo o mundo também enviaram mensagens, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo da França, Emmanuel Macron, ao venezuelano Nicolás Maduro, que o chamou o papa de “líder ético da humanidade”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.