Sociedade
MP denuncia 16 pessoas que apoiavam milícia no comércio popular de SP
Seis mulheres e dez homens que participavam da quadrilha faziam a cobrança de propina para uma das milícias que atua na região


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, formalizou denúncia contra 16 pessoas que atuavam na cobrança de taxas semanais de comerciantes nas regiões do Brás e do Pari, áreas tradicionais de comércio popular na capital paulista.
Seis mulheres e dez homens que participavam da quadrilha faziam a cobrança de propina para uma das milícias que atua na região. Os acusados foram presos no primeiro semestre de 2024 e o MP agora solicita a manutenção de suas prisões.
Na acusação, datada de dezembro de 2024 e que veio a público esta semana, é descrito o modo de operação do grupo: cobrava taxas de proteção dos comerciantes de rua, em valores que iam de R$ 50 a R$ 250, o que empurrava boa parte dos camelôs para dívidas com agiotas da região.
Ciclo de violência
Os agiotas pagavam para que policiais realizassem a cobrança em um ciclo de violência que tinha por vítimas geralmente trabalhadores vindos de outros países sul-americanos.
Em um dos casos descritos, um equatoriano foi “cobrado” por um policial militar, que teria subtraído R$ 4 mil. Outro caso descrito mostra que o grupo agia para determinar quem poderia ou não trabalhar nos pontos sob a proteção da milícia.
Os acusados cometeram crimes de extorsão e constituição de milícia privada. Duas pessoas são acusadas de lavagem de dinheiro e outra responderá pelo equivalente a agiotagem.
Na quadrilha há ex-policiais, ao passo que os policiais da ativa que usavam equipamentos da corporação para os crimes são processados pela Justiça Militar, que remeteu a investigação ao Gaeco. No processo são descritas ao menos três milícias que atuam na região, disputando território e pontos de venda nas feirinhas da madrugada.
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