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Eleições parlamentares na Alemanha são cruciais para definir respostas da Europa aos desafios de Trump

Os conservadores, segundo pesquisas, devem assumir o poder em uma eleição marcada também pelo avanço da extrema-direita

Eleições parlamentares na Alemanha são cruciais para definir respostas da Europa aos desafios de Trump
Eleições parlamentares na Alemanha são cruciais para definir respostas da Europa aos desafios de Trump
O chanceler alemão do Partido Social Democrata (SPD), Olaf Scholz (esq.) e seu rival conservador da União Democrata Cristã (CDU) Friedrich Merz são retratados em um estúdio de TV WELT antes de um debate na TV. Foto: Fabrizio Bensch / POOL / AFP
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Chega ao fim a campanha para as eleições parlamentares da Alemanha. Neste domingo 23, os alemães escolhem nas urnas quem vai comandar o país pelos próximos quatro anos. O novo governo da maior economia europeia será crucial para ajudar a coordenar a resposta do continente aos desafios apresentados pelo atual do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

As eleições parlamentares na Alemanha serão realizadas neste próximo domingo e a votação não é importante só para o país, mas é também vital sob a perspectiva europeia. Um governo alemão forte é importante para sustentar a resposta europeia à nova administração nos Estados Unidos, em meio à turbulência em relação à guerra na Ucrânia e em outros lugares.

A Alemanha e a vizinha França têm sido tradicionalmente os motores da União Europeia. Mas, os dois países estão mergulhados em instabilidade política interna nos últimos meses.

A eleição alemã está sendo realizada sete meses antes do planejado originalmente, depois que a coalizão de três partidos que sustentava o governo do chanceler Olaf Scholz entrou em colapso.

Em novembro passado, o Partido Liberal (FDP) abandonou a aliança governista em meio a divergências sobre como revigorar a economia alemã, que encolheu nos últimos dois anos. E uma das tarefas mais urgentes do novo governo será encontrar uma resposta coerente para esse problema.

Crise econômica e imigração

A crise econômica é uma das principais preocupações do eleitorado alemão nessa campanha, deixando em segundo plano temas que tradicionalmente movem o eleitorado, como problemas sociais e a crise climática.

A campanha também está sendo dominada pela questão sobre como reduzir a imigração irregular. O debate sobre imigrantes foi reaceso na Alemanha por atentados recentes supostamente cometidos por imigrantes.

O último deles foi há pouco mais de uma semana em Munique, no sul da Alemanha. No episódio, um motorista jogou seu carro contra uma multidão de manifestantes. Duas pessoas morreram e quase 40 ficaram feridas, o suspeito é um solicitante de asilo do Afeganistão.

No mês passado, um ataque a faca deixou dois mortos na cidade de Aschaffenburg, também no sul da Alemanha. O autor do crime seria outro solicitante de asilo do mesmo país.

A discussão sobre imigração tem colaborado para aumentar a popularidade da extrema-direita alemã. Prova disso é que o partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) está em segundo lugar nas pesquisas.

Conservadores lideram pesquisas de voto

Tal fenômeno político levou a uma intensa discussão sobre o chamado “cordão sanitário” praticado pelos outros partidos para isolar a direita radical. O assunto gerou uma série de protestos nas ruas de diversas cidades da Alemanha, principalmente de pessoas que temem uma colaboração dos políticos das demais siglas com a AfD.

O líder conservador, Friedrich Merz, levou ao Parlamento uma moção não vinculativa pedindo mais rejeições de imigrantes nas fronteiras alemãs, a medida foi aprovada com votos da AfD. O movimento foi visto como a quebra inédita de um tabu, já que, pela primeira vez, um texto foi aprovado no Parlamento alemão com apoio da extrema-direita.

Merz, aliás, é o favorito para se tornar o novo chanceler alemão. E as últimas pesquisas parecem confirmar a predileção. Há semanas que as sondagens de intenção de voto se mantém com poucas variações.

A aliança conservadora de Friedrich Merz, formada pelos partidos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), tem de 28% a 30% nas sondagens, com a AfD em segundo, apresentando intenções de voto em torno de 20%.

Coalizão de governo é incógnita

Os sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz aparecem em terceiro lugar nas pesquisas, com cerca de 15% das intenções de voto, seguidos pelo Partido Verde, que compõe a atual coalizão de governo, com 13%. Por causa disso, é considerado certo que Scholz não vai conseguir se reeleger.

Os socialistas do A Esquerda estão na quinta posição das sondagens, com 8% e têm relativa certeza de que farão parte da próxima legislatura.

A grande pergunta é quais das outras legendas menores vão conseguir alcançar um mínimo de 5% para garantir uma bancada no Bundestag, o Parlamento alemão.

Esta é a pergunta que vai definir a formação do futuro governo. Porque menos partidos no Parlamento facilitariam a formação de uma coalizão de dois partidos apenas, ao passo que um Parlamento fragmentado só permitiria uma aliança de três siglas, que seria menos estável, como a que sustentava Scholz, e se desintegrou antes de completar o mandato.

O favorito Friedrich Merz já declarou estar aberto a colaborar tanto com os sociais-democratas de Scholz quanto com o Partido Verde.

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