Mundo
Governo Trump demite pesquisadores responsáveis por vigilância epidemiológica
‘Qualquer tentativa de acabar com esse programa terá um impacto direto na segurança nacional’, alerta médico


Quase metade dos pesquisadores de um programa de vigilância epidemiológica do governo americano foram demitidos nesta sexta-feira 14, informou à AFP um epidemiologista dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC).
Segundo a fonte, quase metade dos cerca de 140 pesquisadores do programa receberam o aviso de demissão. “Estamos potencialmente à beira de outra pandemia e demitimos pessoas que, provavelmente, têm mais experiência do que ninguém neste país”, advertiu, referindo-se à gripe aviária.
O vírus H5N1 circula em criações avícolas e pecuárias dos Estados Unidos. Quase 70 pessoas foram infectadas desde o começo de 2024 e uma morreu, o que faz os especialistas temerem uma pandemia caso o vírus sofra uma mutação.
Apelidados de “detetives de doenças”, os pesquisadores demitidos trabalhavam para o Serviço de Inteligência Epidemiológica, “um dos programas de maior prestígio dos CDC”, informou à AFP Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas da Universidade Johns Hopkins. “Qualquer tentativa de acabar com esse programa terá um impacto direto na segurança nacional e na saúde dos Estados Unidos”, alertou o médico.
Os pesquisadores são responsáveis por investigar epidemias e tiveram um papel de destaque em crises internacionais de saúde anteriores. Sem eles, “não teríamos eliminado a varíola do planeta”, ressaltou a fonte.
Além dos pesquisadores, outros funcionários dos CDC foram demitidos. O canal americano CBS reportou que foram cerca de 1,3 mil pessoas, ou cerca de 10% do quadro de funcionários.
O novo secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert Kennedy Jr., sugeriu ontem que as agências de saúde poderiam passar por uma reforma.
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