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Israel confirma ter recebido nomes dos três reféns que Hamas libertará no sábado

O acordo de cessar-fogo esteve sob ameaça nos últimos dias

Israel confirma ter recebido nomes dos três reféns que Hamas libertará no sábado
Israel confirma ter recebido nomes dos três reféns que Hamas libertará no sábado
Um homem segura retratos de reféns israelenses mantidos em cativeiro desde os ataques de 7 de outubro por militantes palestinos na Faixa de Gaza, durante um protesto antigovernamental pedindo ações para garantir sua libertação, em frente ao Ministério da Defesa de Israel, em Tel Aviv, em 21 de setembro. Foto: Jack GUEZ / AFP
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Israel recebeu, nesta sexta-feira 14, os nomes dos três reféns sequestrados em Gaza que serão libertados no sábado, após vários dias de incerteza sobre o futuro do cessar-fogo com o Hamas no território palestino.

Os reféns que serão libertados são o argentino-israelense Yair Horn, o russo-israelense Sasha Trupanov e o americano-israelense Sagui Dekel Chen, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um comunicado.

Um deles foi capturado pela Jihad Islâmica, aliado do Hamas e que também participou no ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel, que desencadeou a guerra em Gaza.

Em três meses de negociações indiretas, as partes em conflito chegaram a um cessar-fogo com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos.

A trégua entrou em vigor em 19 de janeiro e acabou com mais de 15 meses de conflito no pequeno território, governado pelo Hamas desde 2007.

O acordo, no entanto, também está sob forte pressão desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs que seu país assuma o controle de Gaza, assim como a transferência da população do território.

Israel condicionou a continuidade da trégua em Gaza à libertação dos três reféns israelenses no sábado, depois que o Hamas ameaçou adiá-la, alegando que Israel supostamente violou o acordo.

O pacto prevê libertar os reféns israelenses sequestrados no ataque de 7 de outubro em troca de prisioneiros palestinos detidos em prisões de Israel. Até o momento cinco trocas foram realizadas.

Preocupação da Cruz Vermelha

As libertações representaram alívio para as famílias, mas o estado debilitado dos reféns israelenses libertados também provocou indignação no país.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que facilitou as trocas, afirmou que as últimas operações de libertação “reforçam a necessidade urgente” de que o organismo possa acessar aos reféns.

“Estamos muito preocupados com a situação dos reféns”, acrescentou a Cruz Vermelha em um comunicado na rede social X.

O CICV já havia solicitado que as trocas de reféns israelenses por presos palestinos aconteçam em cerimônias “privadas”.

Na troca da semana passada, três reféns israelenses foram exibidos em um pódio e obrigados a falar durante uma cerimônia organizada por milicianos armados do Hamas com os rostos cobertos.

Os três estavam visivelmente exaustos e muito debilitados pelas dificuldades que enfrentaram no cativeiro.

“Sou um sobrevivente. Estive preso por 484 dias em condições inimagináveis, cada dia parecia o último”, declarou o refém israelense-palestino Keith Siegel, libertado em 1º de fevereiro.

“Me deixaram morto de fome e fui torturado, tanto física como emocionalmente”, disse em um vídeo.

‘Jogos de poder’

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas no sul de Israel, que deixou 1.211 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Os milicianos sequestraram 251 pessoas no mesmo dia, das quais 73 permanecem em Gaza, incluindo 35 que faleceram, segundo o Exército israelense.

A ofensiva israelense lançada em retaliação deixou pelo menos 48.222 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

Trump afirmou esta semana que provocaria um “inferno” se o Hamas não libertasse “todos” os reféns restantes antes do meio-dia de sábado.

O presidente republicano propôs assumir o controle de Gaza e transferir seus 2,4 milhões de habitantes para o Egito e a Jordânia, o que provocou uma onda de repúdio no planeta.

“Quem é Trump? É o Deus todo-poderoso? A terra da Jordânia é para jordanianos, e a terra do Egito pertence aos egípcios”, reagiu Abu Mohamed al Husari, morador da Cidade de Gaza.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, tem viagens programadas para Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para discutir a trégua, depois de participar da Conferência de Segurança de Munique no fim de semana.

Mairav Zonszein, do International Crisis Group, afirmou que, apesar de suas disputas públicas, Israel e Hamas continuam interessados em manter a trégua.

“São apenas jogos de poder”, afirmou.

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