Mundo
O que se sabe sobre o atropelamento que deixou ao menos 30 feridos na Alemanha
O caso ocorreu no centro de Munique, no sul do país. A cidade recebe neste fim de semana uma conferência sobre segurança


Ao menos 30 pessoas ficaram feridas, nesta quinta-feira 13, na cidade de Munique, na Alemanha, várias delas em estado grave, quando uma multidão foi atropelada por um solicitante de asilo afegão, um ato qualificado de “atentado” pelas autoridades.
O ataque contra a multidão que participava de uma manifestação convocada por um sindicato ocorreu poucos dias antes das eleições legislativas alemãs de 23 de fevereiro, dominadas pela questão migratória.
No pleito, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) pode obter mais de 20% dos votos, o dobro do que obteve em 2021, de acordo com as últimas pesquisas.
O governo do chanceler social-democrata Olaf Scholz, acusado de ser brando demais pela oposição, anunciou que “faria o possível” para expulsar mais afegãos residentes e condenados pela Justiça na Alemanha.
“Estamos chocados com um ataque terrível em Munique”, escreveu Scholz na rede X. “O autor deve sentir todo o peso da lei.”
“Aqueles que vêm ao nosso país e cometem crimes devem ser punidos de forma severa e em seguida expulsos, ainda que para países diferentes”, declarou, por sua vez, a ministra do Interior, Nancy Faeser, no local dos fatos.
Por volta das 10h30 (6h30 de Brasília), o suspeito, dirigindo um Mini Cooper, aproximou-se por trás de uma marcha de manifestantes convocada pelo sindicato do setor de serviços Verdi, segundo a polícia.
Ele então ultrapassou o carro da polícia que estava atrás da manifestação e acelerou em direção à multidão, espalhando pânico.
Fichado pela polícia
Segundo o último balanço, 30 pessoas ficaram feridas, várias delas em estado grave. Algumas estão entre a vida e a morte e há crianças entre os feridos, informou o prefeito de Munique, Dieter Reiter.
O subchefe da polícia local, Christian Huber, disse que o suspeito foi preso no local e que se trata de um solicitante de asilo afegão de 24 anos.
O indivíduo tinha passagem pela polícia por roubo e crimes relacionados com drogas.
Segundo a imprensa alemã, o homem é Farhad N., nascido em Cabul e que chegou à Alemanha no fim de 2016, aos 15 anos. Seu pedido de asilo foi rejeitado, mas ele foi colocado sob proteção subsidiária, o que suspendeu sua deportação.
De acordo com o veículo de mídia Spiegel, ele teria publicado mensagens islamistas antes de participar do evento.
O motorista “avançou contra as pessoas e arrastou cerca de 15”, explicou Alexa Graef, uma estudante que trabalha nas proximidades e testemunhou o incidente.
“Não teve muito tempo para acelerar, mas provavelmente estava indo a 50 ou 60 km/h, talvez 80”, disse. “Estou em choque.”
O ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, afirmou que o suposto ataque não estava relacionado à Conferência de Segurança de Munique, que reúne a nata da diplomacia mundial de sexta a domingo na cidade.
Entre outros, a reunião contará com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, e do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Mas o certo é que isso terá impacto na campanha eleitoral, já marcada pela forte polarização em questões migratórias e de segurança interna.
Uma das principais figuras da AfD, Björn Höcke, denunciou no X a “decomposição do Estado” e pediu “voto contra os partidos do cartel”, como ele chama as legendas do atual governo de centro-esquerda de Scholz e a oposição conservadora e liberal.
Recentemente, houve um ataque com faca na Baviera, em 22 de janeiro, na localidade de Aschaffenburg.
Um afegão em situação irregular e com problemas psiquiátricos atacou um grupo de crianças em um parque e matou duas pessoas, um menino de dois anos e um pedestre de 41 anos que tentou intervir.
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