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Proposta para Gaza prevê que palestinos não teriam direito ao retorno, diz Trump

Grande parte do mundo reagiu com indignação. Egito, Jordânia, outros países árabes e os palestinos rejeitaram a proposta

Proposta para Gaza prevê que palestinos não teriam direito ao retorno, diz Trump
Proposta para Gaza prevê que palestinos não teriam direito ao retorno, diz Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, em 9 de fevereiro de 2025. Foto: Roberto Schmidt/AFP
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O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou, nesta segunda-feira 10, que os palestinos não teriam direito de retorno a Gaza sob sua proposta de tomada do território pelos Estados Unidos porque ela consiste em um “desenvolvimento imobiliário para o futuro”.

“Não, eles não teriam, porque terão moradias muito melhores”, disse Trump em uma entrevista ao canal Fox News, quando questionado sobre o direito de retorno dos palestinos.  “Em outras palavras, estou falando em construir um lugar permanente para eles, porque se eles tiverem de voltar agora, levará anos para que possam fazê-lo. Não é habitável.”

Trump revelou, na terça-feira passada, partes de sua proposta durante uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que estava em visita a Washington.

O republicano disse que os palestinos poderiam ser transferidos de Gaza para Egito e Jordânia devido à devastação após 15 meses de guerra no território. Ambos os países árabes se opuseram à proposta.

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, viajou a Washington, onde se reuniu com seu contraparte americano, Marco Rubio, na segunda-feira. O rei Abdullah II da Jordânia tem prevista uma conversa com Trump na terça-feira.

A entrevista à Fox News será divulgada na íntegra nesta segunda-feira, após a exibição da primeira parte no domingo.

O presidente afirmou que os Estados Unidos construiriam “comunidades lindas” para mais de dois milhões de palestinos.

“Podem ser cinco, seis, podem ser duas. Mas vamos construir comunidades seguras, um pouco mais distantes de onde estão agora, onde está todo o perigo”, acrescentou Trump. “Temos que ver isso como se fosse um empreendimento imobiliário para o futuro. Seria uma terra linda. Não seria necessário gastar muito.”

O presidente republicano surpreendeu o mundo ao anunciar que os Estados Unidos “assumirão o controle da Faixa de Gaza”, removerão os escombros e as bombas que não explodiram e a transformarão na “Riviera do Oriente Médio”.

Inicialmente, ele declarou que os palestinos estarão entre os “povos do mundo” que poderão viver lá, mas parece ter mudado de ideia, pois agora sugere o contrário.

No domingo, o primeiro-ministro israelense elogiou a proposta de Trump como “revolucionária”.

“O presidente Trump veio com uma visão completamente diferente, muito melhor para Israel”, afirmou Netanyahu.

Mas grande parte do resto do mundo reagiu com indignação. Egito, Jordânia, outros países árabes e os palestinos rejeitaram a proposta.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, classificou-a como um “escândalo”, “inaceitável e contrária ao direito internacional”.

A ideia de Trump ameaça o frágil cessar-fogo de seis semanas entre Israel e o Hamas em Gaza e as chances de progresso para uma segunda fase, mais permanente.

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