Diversidade

Governo Milei proíbe cirurgias de gênero e tratamento hormonal a menores na Argentina

Em seu discurso de 23 de janeiro, o presidente investiu contra a chamada ideologia ‘woke’

Governo Milei proíbe cirurgias de gênero e tratamento hormonal a menores na Argentina
Governo Milei proíbe cirurgias de gênero e tratamento hormonal a menores na Argentina
Presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Oscar Del Pozo/ AFP
Apoie Siga-nos no

O governo do presidente argentino Javier Milei anunciou nesta quarta-feira 5 que vai mudar a Lei de Identidade de Gênero para “proibir os tratamentos de hormonização e as cirurgias de adaptação do corpo em menores de 18 anos”, informou o porta-voz presidencial Manuel Adorni.

“Essas intervenções a que as crianças estão expostas constituem grave risco para sua saúde física e mental, pois implicam uma interrupção no seu processo de amadurecimento”, argumentou o funcionário em um breve comunicado da Casa Rosada, a sede do governo.

A lei, sancionada em 2012, permite que menores de 18 anos tenham acesso a esses tratamentos sempre que contarem com autorização de seus responsáveis legais ou com a conformidade de uma autoridade judicial.

O porta-voz presidencial garantiu que, “em muitos casos, os efeitos desses tratamentos e cirurgias são irreversíveis”, e acrescentou que “países pioneiros [em questão de gênero]” como Reino Unido, Suécia, Finlândia e Estados Unidos “estão voltando atrás, proibindo que os menores possam se submeter a esses procedimentos”.

O anúncio de Adorni não foi o único vinculado a questões de diversidade, pois ele também confirmou que o governo “decidiu proibir as transferências de prisões devido a mudanças de gênero”.

“Isso significa que se uma pessoa condenada estiver numa prisão masculina, deixará de solicitar a transferência para uma ala feminina só porque se considera como tal”, detalhou o porta-voz, que assegurou que, com essa medida, “garante a segurança de todas as detentas”.

As palavras de Adorni não demoraram para provocar a reação de grupos argentinos de diversidade sexual, que indicaram que podem “recorrer à Justiça”.

O Presidente não pode modificar uma lei por decreto. E se ele tentar isso vamos recorrer à Justiça e à Corte Interamericana, caso seja necessário”, publicou na rede X a Federação Argentina LGBT+.

Os anúncios chegam quatro dias depois de uma marcha multitudinária de protesto em Buenos Aires e outras cidades argentinas, convocada por grupos feministas e LGBTQIA+, em rejeição às declarações do presidente ultraliberal Milei no Fórum de Davos, na Suíça.

Em seu discurso de 23 de janeiro e em linha com sua “batalha cultural”, Milei investiu contra a chamada ideologia “woke”, assegurou que o “feminismo radical” busca “privilégios”, criticou o conceito de “feminicídio” e o que chama de “ideologia de gênero”.

Mais cedo nesta quarta, o presidente argentino anunciou que vai retirar seu país da Organização Mundial da Saúde por “profundas diferenças a respeito da gestão sanitária”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo