Mundo
Governo Milei retira a Argentina da OMS
O anúncio foi feito pelo porta-voz da presidência do país


O presidente da Argentina, Javier Milei, retirou o país da Organização Mundial da Saúde (OMS) devido a “profundas diferenças em relação à gestão da saúde”, anunciou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira 5.
A decisão “baseia-se nas profundas diferenças em relação à gestão da saúde, especialmente na pandemia” de Covid-19, acrescentou o porta-voz. “Os argentinos não vamos permitir que um organismo internacional interfira em nossa soberania, muito menos em nossa saúde”, enfatizou.
A decisão do governo argentino está alinhada ao decreto firmado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que também retira o país da OMS.
Assim como Trump, Milei criticou a atuação da agência durante a pandemia de coronavírus.
Adorni afirmou nesta quarta que a gestão sanitária do organismo internacional durante a pandemia, junto com o governo de Alberto Fernández, “nos levou ao confinamento mais longo da história da humanidade e à falta de independência diante da influência política de alguns Estados”.
O porta-voz esclareceu que a Argentina “não recebe financiamento da OMS, portanto, essa medida não representa perda de fundos para o país”.
O funcionário não especificou o financiamento anual que o país repassa ao organismo, o qual, segundo reportagens, gira em torno de 10 milhões de dólares (57,9 milhões de reais) por ano.
Em junho passado, a Argentina rejeitou se juntar a um novo protocolo sobre pandemias proposto pela OMS e deixou claro sua intenção de deixar o organismo.
“Nosso país não assinará nenhum acordo sobre pandemias que possa afetar a soberania nacional”, afirmou Adorni na época.
‘Quarentenas eternas’
Após a coletiva, um comunicado do Gabinete do Presidente deu mais detalhes sobre os motivos da decisão argentina.
De acordo com o comunicado, a OMS “falhou em sua maior prova de fogo: promoveu quarentenas eternas sem embasamento científico quando teve que combater a pandemia de covid-19”.
“As quarentenas provocaram uma das maiores catástrofes econômicas da história mundial”, acrescentou.
Nesse sentido, o governo concluiu que “é urgente repensar, a partir da comunidade internacional, para que existem organismos supranacionais, financiados por todos, que não cumprem com os objetivos para os quais foram criados (…) e pretendem se impor acima dos países membros”, conforme o comunicado.
“Hoje, a evidência indica que as receitas da OMS não funcionam porque são o resultado da influência política”, afirmou.
O anúncio da Argentina segue a decisão de Donald Trump, que em 20 de janeiro, no dia de sua posse, assinou um decreto para retirar os Estados Unidos da OMS. Washington também congelou seu financiamento a programas de luta contra a Aids em países em desenvolvimento.
Os Estados Unidos são o maior contribuinte do organismo internacional de saúde, e sua saída obrigou a OMS a revisar seus programas e prioridades.
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