Do Micro Ao Macro

Inclusão de pessoas trans no mercado formal ainda é precária, mostra pesquisa

Apenas 4% dessa população está no mercado formal; empresas e especialistas destacam a necessidade de ações concretas

Inclusão de pessoas trans no mercado formal ainda é precária, mostra pesquisa
Inclusão de pessoas trans no mercado formal ainda é precária, mostra pesquisa
Apenas 4% dessa população está no mercado formal; empresas e especialistas destacam a necessidade de ações concretas
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Apenas 4% das pessoas trans e travestis estão no mercado de trabalho formal no Brasil. Esse dado reflete os desafios enfrentados por essa população, que lidera o ranking mundial de violência.

A inclusão no ambiente corporativo é vista como um passo importante para mudar essa realidade.

Noah Scheffel, CEO do EducaTRANSforma, afirma que a representatividade trans precisa ir além de estereótipos. “Muitas vezes, somos retratados em narrativas de marginalidade. Precisamos ocupar espaços como roteiristas, diretores e líderes para contar histórias autênticas”, diz ele.

Barreiras estruturais ainda impedem a inclusão

Gabriela Augusto, fundadora da Transcendemos Consultoria, reforça a necessidade de romper com barreiras dentro das empresas.

“Quando comecei minha transição, não encontrava referências. Hoje, busco inspirar outras pessoas trans e engajar aliados na luta por igualdade”, afirma.

Ela critica medidas superficiais e destaca que muitas empresas não preparam o ambiente para a inclusão. “Diversidade não pode ser uma questão de metas simbólicas. É preciso compromisso com educação e transformação cultural”, ressalta.

Tecnologia aliada contra vieses inconscientes

Transformar o mercado em um espaço mais inclusivo exige mudanças profundas. Jhennyfer Coutinho, líder da experiência da pessoa candidata na Gupy, explica que a tecnologia pode ajudar.

“Nosso sistema prioriza competências, sem considerar gênero ou orientação sexual, garantindo processos mais justos”, diz. Além disso, a empresa busca eliminar vieses inconscientes que dificultam a contratação de grupos sub-representados.

Noah Scheffel complementa que a inclusão vai além da contratação. “Não basta contratar uma pessoa trans. É preciso criar ambientes acolhedores e celebrar conquistas”, afirma. Ele defende mecanismos de escuta e avaliação de desempenho justos para evitar vieses.

Gabriela Augusto reforça que muitas iniciativas ainda são simbólicas. “Sem consultorias, políticas estruturadas e treinamentos, não há inclusão real. É preciso planejamento estratégico”, destaca.

Ações de impacto mostram resultados positivos

A Alpargatas é um exemplo de empresa que adota práticas consistentes de diversidade. Com mais de 10 mil funcionários, a companhia tem 72% de pessoas negras, 29% de mulheres, 6% de pessoas LGBTI+ e 5% de pessoas com deficiência em sua força de trabalho.

A empresa criou o programa Alpa TRANSforma, em parceria com a Alicerce Educação, para promover a empregabilidade de pessoas trans. Djenane Von Ancken, gerente de Carreira e Desenvolvimento da Alpargatas, explica que o sucesso está na integração de ações concretas.

“Aplicamos censos demográficos, pesquisas de clima e trilhas de capacitação em inclusão”, diz. A meta da empresa é alcançar 50% de mulheres em alta liderança e 25% de grupos sub-representados em posições de gestão até 2030.

Jhennyfer Coutinho conclui que “inclusão é mais do que um dever ético: é uma estratégia que beneficia a sociedade e fortalece as empresas”. Exemplos como o da Alpargatas mostram que é possível transformar o mercado em um espaço mais justo e diverso.

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