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Guerra de tarifas dos EUA com México e Canadá ganha trégua de um mês; entenda

Ao menos neste momento, apenas a frente com a China permanece aberta

Guerra de tarifas dos EUA com México e Canadá ganha trégua de um mês; entenda
Guerra de tarifas dos EUA com México e Canadá ganha trégua de um mês; entenda
Justin Trudeau, premiê do Canadá, e Donald Trump, presidente dos EUA. Fotos: Sergei GAPON and ROBERTO SCHMIDT/AFP
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Opresidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu por 30 dias as tarifas contra o Canadá e o México em troca de militares e vigilância em suas fronteiras norte e sul para combater o tráfico de fentanil, de modo que apenas a frente com a China permanece aberta.

Os acordos foram alcançados na véspera da entrada em vigor das tarifas alfandegárias de 25% impostas neste fim de semana sobre produtos mexicanos e canadenses (exceto pelo petróleo de seu vizinho do norte, com 10%).

Uma conversa “muito amigável” com sua contraparte mexicana, Claudia Sheinbaum, e duas com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, permitiram ganhar tempo na esperança de chegarem a uma solução.

Sheinbaum anunciou que “o México reforçará a fronteira norte com 10.000 membros da Guarda Nacional de forma imediata, para evitar o tráfico de drogas”, em particular de fentanil, um opioide sintético que causa pelo menos 75.000 óbitos por ano nos EUA, segundo dados oficiais.

Washington, por sua vez, se comprometeu a trabalhar para “evitar o tráfico de armas” para o México, uma reivindicação que o governo faz há muito tempo e que inclusive o levou a processar fabricantes de armas nos Estados Unidos.

O México já esperava as tarifas prometidas pelo magnata há meses, mas o anúncio, no sábado, foi acompanhado de uma grave acusação.

Segundo Trump, os cartéis do narcotráfico mexicanos têm “uma aliança com o governo do México”, que teria proporcionado “refúgios seguros” aos criminosos.

Ofendido com o que qualifica de “calúnia”, o país latino-americano contra-atacou prometendo medidas tarifárias contra o principal destino de suas exportações, mas sem fechar a porta ao diálogo.

Durante os 30 dias, “manteremos negociações lideradas pelo secretário de Estado Marco Rubio, o secretário do Tesouro Scott Bessent e o secretário de Comércio Howard Lutnick, bem como representantes de alto nível do México”, afirmou Trump em sua rede Truth Social.

De acordo com o republicano, as autoridades mexicanas também devem deter a entrada de “migrantes ilegais”.

“Czar do fentanil”

Com Trudeau, Trump conversou duas vezes nesta segunda-feira, a segunda delas mais frutífera.

O Canadá, país que o magnata gostaria de transformar no 51º estado dos Estados Unidos, aplicará um plano de “1,3 bilhões de dólares (9,9 bilhões de reais): reforço da fronteira com novos helicópteros, tecnologia e pessoal”, indicou Trudeau na rede social X.

“Quase 10.000 efetivos de primeira linha trabalham e trabalharão na proteção da fronteira”, acrescentou.

Além disso, o Canadá se comprometeu a nomear um “czar do fentanil”, a incluir os cartéis na lista de organizações terroristas (como já fez Trump), vigiar a fronteira 24 horas por dia e a pôr em marcha uma força de ação conjunta para combater o crime organizado, o fentanil e a lavagem de dinheiro, detalhou.

O Canadá havia anunciado represálias que começaram a ser sentidas nesta segunda na província de Ontário, seu coração econômico, onde foi proibido às empresas americanas participar em contratos públicos.

O primeiro-ministro dessa região, Doug Ford, cancelou um contrato de 68,7 milhões de dólares americanos (403,1 milhões de reais) com a Starlink, a empresa controlada pelo bilionário Elon Musk, aliado e assessor de Trump.

O terceiro alvo é a China, mas Trump disse nesta segunda que espera negociar com o país asiático “provavelmente nas próximas 24 horas”.

O republicano anunciou no sábado tarifas de 10%, que se somam àquelas já em vigor sobre uma série de produtos da segunda maior economia mundial.

O magnata sustenta que o Partido Comunista Chinês “subsidiou as empresas químicas chinesas para que exportem fentanil”.

Analistas alertam que uma guerra comercial reduzirá o crescimento dos Estados Unidos e elevará os preços ao consumo no curto prazo, mas Trump disse estar convencido de que “valerá a pena”.

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