Política
Motta diz que vai se reunir com lideranças antes de decidir sobre anistia aos golpistas do 8 de Janeiro
Recém-eleito para a Presidência da Câmara, o deputado pregou ‘imparcialidade’ no caso


O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve se reunir com lideranças políticas nos próximos dias para tratar do projeto de lei que pretende anistiar os envolvidos nos ataques golpistas do 8 de Janeiro.
Motta tratou do tema em entrevista a veículos de imprensa da Paraíba, realizada no último domingo 3. Para o parlamentar, a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro “é o tema que mais divide a Casa” e, por isso, precisa ser tratado com “imparcialidade”.
“Temos um PL que defende a votação da anistia para os presos do 8 de Janeiro, enquanto o PT defende que o assunto não seja votado. A pauta é decidida pelo presidente, com participação dos líderes. Com certeza, esse será um tema levado para essas reuniões nos próximos dias, e vamos conduzir com a maior imparcialidade possível”, afirmou.
Na coletiva, o novo presidente da Câmara explicitou que as pautas mais marcadas por caráter ideológico “não estão na prioridade do dia da Câmara”. Segundo ele, ainda que representem “um debate interessante”, que, às vezes, “motiva mais do que debater coisas mais burocráticas”, “essas pautas muito mais dividem o País do que trazem benefícios imediatos.”
“Essa ideia [polêmica] quase nunca terá seguimento e nós deixamos de discutir uma pauta que poderia, por exemplo, mudar a vida das pessoas, como a de distribuição de renda e a geração de emprego, ou discutir aquilo que verdadeiramente o Brasil precisa”, afirmou.
As eventuais reuniões de lideranças em torno do PL que quer anistiar os envolvidos no 8 de Janeiro ainda não têm data marcada, mas deverão tratar do cenário difícil que a proposta enfrenta.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma das vozes mais contundentes a favor do projeto, mas a revelação da ‘trama golpista’ – em que a Polícia Federal (PF) apontou para o envolvimento não só do ex-capitão, mas de figuras de peso do seu entorno, em uma suposta tentativa de golpe de Estado – levou a opinião pública a rechaçar a ideia.
No mês passado, o instituto Datafolha mostrou que 62% dos brasileiros rejeitam a anistia aos envolvidos nos atos golpistas. O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), já afirmou a CartaCapital que a anistia aos golpistas é “inaceitável“. No último final de semana, o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foi outro a rejeitar a proposta, dizendo que ela “não vai pacificar o Brasil”.
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