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Brasil abandona Pacto Internacional de Migração na ONU

Presidente brasileiro se alinha a Donald Trump e retira o país de um acordo chancelado por 181 nações

Brasil abandona Pacto Internacional de Migração na ONU
Brasil abandona Pacto Internacional de Migração na ONU
Refugiados venezuelanos abrigados provisoriamente em Boa Vista. (Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil)
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O governo brasileiro informou nesta terça-feira (8) à ONU em Nova Iorque e em Genebra que está deixando o Pacto Mundial de Migração, assinado em dezembro por Michel Temer.

Na sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje (9) que a decisão preserva valores nacionais. “O Brasil é soberano para decidir se aceita ou não migrantes”, disse o presidente. “Não ao pacto migratório.”

Em seguida, Bolsonaro justificou a decisão. “Quem porventura vier para cá deverá estar sujeito às nossas leis, regras e costumes, bem como deverá cantar nosso hino e respeitar nossa cultura. Não é qualquer um que entra em nossa casa, nem será qualquer um que entrará no Brasil via pacto adotado por terceiros.”

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Negociado por quase dois anos, o Pacto era uma resposta internacional à crise que havia atingido diversos países por conta de um fluxo sem precedentes de migrantes e refugiados.

O texto do acordo, porém, não suspendia a soberania de qualquer país e nem exigia o recebimento de um certo volume de estrangeiros.

As investidas contrárias ao acolhimento de imigrantes não são novas. Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já criticaram os termos do pacto em outras ocasiões.

No último dia 2, em Brasília, em reunião com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, Bolsonaro confirmou que tinha a intenção de retirar o Brasil do acordo, em alinhamento com a política de Donald Trump.

O pacto

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Fechado em 2017 e chancelado no ano passado, o pacto estabeleceu orientações específicas para o recebimento de imigrantes, preservando o respeito aos direitos humanos sem associar nacionalidades. Dos representantes dos 193 países, 181 aderiram ao acordo. Estados Unidos e Hungria foram contrários

Brasil está fora do gargalos mundiais

No Brasil, o número de pessoas de outros países que buscam melhores condições de vida é residual, e não dos 0,4% dos imigrantes em todo o mundo.

No final de 2017, existiam quase 25,4 milhões de refugiados em todo o mundo. Atualmente, apenas dez países acolhem 60% das pessoas nessa situação

O tema ganhou destaque no país nos últimos dois anos, com a crise humanitária vivida na Venezuela, país fronteiriço com o Brasil.

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