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Colômbia anuncia decolagem de avião que trará deportados dos EUA
A aeronave da força aérea colombiana decolou de Bogotá rumo à cidade americana de San Diego, informou a Chancelaria


A Colômbia anunciou, nesta segunda-feira 27, a decolagem de um avião militar rumo aos Estados Unidos, que trará 110 deportados colombianos, após superar as tensões diplomáticas com o governo de Donald Trump.
O avião da força aérea colombiana decolou de Bogotá rumo à cidade americana de San Diego, informou a Chancelaria em um comunicado.
“Espera-se que nos próximos dias saia outro avião com o mesmo objetivo”, acrescentou, sem mencionar datas.
No domingo, o governo de Trump recuou em uma série de sanções que planejava impor à Colômbia após a negativa do presidente Gustavo Petro de permitir a entrada de voos militares com migrantes deportados.
Após horas de tensão, Bogotá aceitou os termos dessa política de Trump e encerrou uma disputa que subia de tom com o passar das horas. A preocupação do governo colombiano era o respeito à “dignidade” dos deportados.
Segundo o comunicado desta segunda-feira, viajavam a bordo da aeronave militar funcionários da Migração e Chancelaria, além de pessoal médico “com a finalidade de poder garantir o respeito aos direitos dos cidadãos e fazer o monitoramento médico caso necessário”.
Entrevistas canceladas
Tudo começou com uma mensagem de Petro no X por volta das 3h da madrugada de domingo. Depois, as redes sociais se tornaram o campo de batalha entre os dois presidentes.
“Estivemos à beira de uma situação muito crítica”, admitiu, em entrevista à Blu Radio, nesta segunda, o embaixador da Colômbia em Washington, Daniel García-Peña.
Houve “momentos um tanto agudos dos dois lados, mas o canal de comunicação sempre esteve aberto”, acrescentou.
O incidente foi o primeiro enfrentamento entre Petro e Trump, que foi empossado em 20 de janeiro, prometendo uma política de linha-dura contra a migração irregular.
Em meio à disputa, Trump anunciou a adoção de tarifas alfandegárias sobre as importações vindas da Colômbia e a embaixada americana em Bogotá suspendeu a expedição de vistos.
Na manhã desta segunda-feira, dezenas de pessoas faziam fila do lado de fora da delegação diplomática na capital colombiana para solicitar informação sobre os pedidos de visto. Segundo o testemunho de alguns afetados, na véspera receberam um e-mail informando-os que suas entrevistas haviam sido canceladas.
“Desde ontem [domingo] que soube da notícia, minha vida mudou. Não sei o que fazer. Estou inquieta o tempo todo”, assegurou à AFP Milena González, uma dona de casa de 53 anos.
Janet López, empreendedora colombiana de 56 anos, também aguardava uma resposta para poder visitar sua irmã aos Estados Unidos. “Estamos nisso mais de três anos e o nosso desejo é ir passear, ir conhecer”, explicou.
Segundo o embaixador García, “assim que aterrissarem” os deportados, as autoridades americanas “tomariam as medidas para resolver o assunto dos vistos”.
Deportações
Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Colômbia e suas forças militares cooperam há décadas na luta contra guerrilhas e cartéis de drogas.
As ameaças de Trump de deportar milhões de pessoas tensionaram sua relação com os governos da América Latina, de onde vem a maioria dos cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
Desde que Trump assumiu o poder, em 20 de janeiro, o México recebeu pouco mais de 4.000 deportados, a grande maioria deles mexicanos, segundo a presidenta Claudia Sheinbaum, que comemorou nesta segunda-feira o acordo alcançado entre Bogotá e Washington para que tarifas não sejam aplicadas. “Nem tarifas nem outros mecanismos são bons”, afirmou.
Na mesma linha, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, disse estar feliz por ver que a Colômbia e os Estados Unidos superaram “suas diferenças”.
“A cooperação é sempre muito mais poderosa que o confronto”, acrescentou o chanceler espanhol.
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