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Sem monitoramento do PIX, informalidade pode gerar impostos maiores aos autônomos

Especialista explica como a formalização pode evitar tributos mais altos para autônomos

Sem monitoramento do PIX, informalidade pode gerar impostos maiores aos autônomos
Sem monitoramento do PIX, informalidade pode gerar impostos maiores aos autônomos
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo
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Antes de serem revogadas, as regras de monitoramento do PIX geraram dúvidas entre pequenos empreendedores e autônomos.

A Receita Federal planejava acompanhar movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas.

Kályta Caetano, head de Contabilidade da plataforma MaisMei, esclarece que a medida não tinha o objetivo de “taxar o PIX”. No entanto, ela alerta que trabalhadores informais podem enfrentar uma carga tributária mais alta devido à falta de organização financeira.

Vantagens da formalização como MEI

A formalização como Microempreendedor Individual (MEI) oferece uma alternativa prática para evitar tributos desnecessários.

De acordo com Caetano, “o MEI paga uma carga tributária mensal por meio do DAS. Se o trabalhador está formalizado, ele não pagará mais impostos, desde que não ultrapasse o limite de faturamento anual”.

Atualmente, o limite de faturamento do MEI é de R$ 81 mil por ano. Já trabalhadores informais, sem um registro oficial, não têm essa proteção e podem acabar pagando mais impostos.

Exemplo prático na construção civil

Para exemplificar, considere um pedreiro MEI que recebe R$ 130 mil em transferências bancárias. Deste total, R$ 81 mil são referentes ao faturamento, enquanto os outros R$ 49 mil são destinados à compra de materiais.

Nesse caso, é essencial guardar notas fiscais e comprovantes que demonstrem a destinação desse valor. Assim, apenas o faturamento real será considerado, evitando que o montante total seja tributado.

Imposto de Renda e deduções permitidas

O MEI tem a possibilidade de deduzir até 32% do faturamento bruto no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Além disso, ele pode incluir despesas dedutíveis para reduzir ainda mais o valor tributável.

Essas deduções não apenas diminuem o valor dos impostos, como também podem garantir isenção fiscal.

Por outro lado, trabalhadores informais precisam declarar todo o rendimento. Como consequência, acabam pagando mais impostos, o que reduz a renda disponível.

Comparativo entre MEI e trabalhador informal

Um pedreiro MEI com faturamento de R$ 81 mil pode deduzir R$ 25.920 (32%) e despesas de R$ 25 mil. Dessa forma, o rendimento tributável será de R$ 30.080, um valor abaixo do limite de isenção de R$ 30.639,90.

Já um trabalhador informal, sem o registro de MEI, precisaria declarar os R$ 81 mil integralmente. Nesse caso, o cálculo do IRPF resultaria em R$ 6.048,01, enquanto o MEI pagaria apenas R$ 970,80 ao ano.

Cenário com Carnê-Leão

Se o pedreiro optasse pelo Carnê-Leão, ele teria que pagar R$ 16.200 de INSS e R$ 6.048,01 de IRPF. Esses valores totalizariam R$ 22.248,01.

Esse custo é mais de R$ 21 mil superior ao que seria pago no regime de MEI. Essa diferença destaca a vantagem econômica da formalização.

Organização financeira e formalização

A formalização como MEI não só reduz os tributos, mas também protege contra multas e penalidades fiscais.

Kályta Caetano reforça a importância de separar as contas pessoais e empresariais. Além disso, guardar comprovantes é essencial para evitar problemas fiscais no futuro.

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