Sociedade

Área atingida por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024, aponta MapBiomas

Fogo atingiu, principalmente, a Amazônia e o Cerrado; área total é maior que o território da Itália

Área atingida por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024, aponta MapBiomas
Área atingida por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024, aponta MapBiomas
Incêndio no Pantanal. Foto: Mayke Toscano/Secom-MT
Apoie Siga-nos no

O Brasil nunca enfrentou um ano com tantas queimadas no seu território como em 2024. Só no ano passado, foram 30,8 milhões de hectares devastados pelo fogo – uma área maior que o território da Itália. É o que mostra um relatório da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas, divulgado nesta quarta-feira 22.

Entre janeiro e dezembro do ano passado, houve um aumento de 79% nas áreas queimadas no território brasileiro, na comparação com 2023. Em números totais, foram 13,6 milhões de hectares a mais, o que abrange todos os biomas do país. É o maior crescimento anual desde o início da série histórica elaborada pelo MapBiomas, em 2019.

Para agravar o quadro, a grande maioria (73%) da área sob chamas foi a de vegetação nativa. Mais especificamente, 25% do território consumido pelo fogo era caracterizado por áreas de formação florestal. Mas os incêndios também chegaram a regiões de uso agropecuário: no caso das pastagens, foram 6,7 milhões de hectares afetados.

A explicação para as queimadas sem precedentes de 2024 está no fato de que o país enfrentou uma das piores secas da sua história. É preciso pesar, também, a influência do fenômeno El Niño, que aquece as águas superficiais do oceano.

“Os impactos dessa devastação expõem a urgência de ações coordenadas e engajamento em todos os níveis para conter uma crise ambiental exacerbada por condições climáticas extremas, mas desencadeada pela ação humana como foi a do ano passado”, explicou Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas.

Biomas afetados

O fogo se alastrou pelo território nacional, mas castigou a Amazônia com mais força. No principal bioma do país, foram 17,9 milhões de hectares queimados, o que corresponde a 58% de toda a área queimada no país. Parte importante dessa área queimada – 6,8 milhões de hectares – era de formação florestal.

“A mudança no padrão de queimadas é alarmante, pois as áreas de floresta atingidas pelo fogo tornam-se mais suscetíveis a novos incêndios. Vale destacar que o fogo na Amazônia não é um fenômeno natural, nem faz parte de sua dinâmica ecológica, sendo um elemento introduzido por ações humanas”, explica Felipe Martenexen, pesquisador do MapBiomas.

Se a Amazônia teve a maior área total queimada, o crescimento proporcional mais vertiginoso aconteceu no Cerrado. Na comparação com 2023, o aumento do território devastado foi de 91%. No total, foram 9,7 milhões de hectares afetados, dos quais 85% eram de vegetação nativa.

A Mata Atlântica teve 1 milhão de hectares de área queimada em 2024, enquanto a Caatinga teve 330 mil hectares. O Pampa viu 3,4 mil hectares serem devastados, sendo uma área menor do que a registrada nos anos anteriores. Isso se explica, segundo o MapBiomas, pela decorrência de fortes temporais no Sul do País, especialmente no primeiro semestre.

(Com informações da Agência Brasil)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo