Acusado de estupro, Gérard Depardieu recorre de parte de investigação na França

A Justiça francesa examinará na quinta-feira 16 os dois recursos apresentados pelo ator Gérard Depardieu contra sua investigação por estupro e que levou à sua acusação, indicaram fontes próximas ao caso à AFP nesta quarta-feira.

O gigante do cinema é acusado de supostamente estuprar e agredir sexualmente a atriz Charlotte Arnould em agosto de 2018, quando ela tinha 19 anos, o que o ator nega.

Em março de 2022, a Justiça confirmou a acusação, mas a defesa apresentou dois novos recursos contra parte do inquérito que serão examinados na quinta-feira.

O primeiro pede a anulação do testemunho de uma figurante, que foi coletado primeiro pelo meio de comunicação investigativo Mediapart e depois pelos investigadores por e-mail, visto que ela mora no exterior, de acordo com uma das fontes.

Em dezembro de 2014, durante a gravação de uma cena no filme Big House, de Jean-Emmanuel Godart, “sem aviso, Gérard Depardieu colocou a mão debaixo do meu vestido (…) tentou puxar minha calcinha para o lado e me tocar”, disse ela ao Mediapart.

“Se eu não o tivesse impedido, ele teria conseguido”, acrescentou.

Contatada pela AFP, a advogada de Charlotte Arnould destacou a semelhança dessa cena com o depoimento de sua cliente. Esse modus operandi facilita o “estupro de surpresa”, afirmou a advogada Carine Durrieu-Diebolt.

O advogado do ator, Jérémie Assous, não quis responder à AFP.

O segundo recurso se concentra nas gravações a transmissão Complément d’enquête do canal público France 2, que foi dedicada ao ator e cuja transmissão no final de 2023 precipitou sua queda.

Viajando pela Coreia do Norte em 2018, Depardieu fez vários comentários misóginos diante das câmeras, incluindo alguns de natureza sexual quando aparece uma garota a cavalo.

A defesa alega edição fraudulenta, o que a produção nega, e pede ao juiz encarregado de investigar o caso Arnould que exija as gravações para autenticação.

As alegações e acusações contra o ator multiplicaram-se nos últimos seis anos.

O cineasta de 76 anos deverá ser julgado no final de março por agressões sexuais contra duas mulheres durante uma filmagem em 2021, acusações que ele também nega.