Esporte

Cuca é apresentado pelo Atlético-MG e fala sobre caso de estupro: ‘Consigo ver meus defeitos’

A decisão de anular a condenação ocorreu no fim de 2023, mas a juíza Bettina Bochsler não entrou no mérito da questão

Cuca é apresentado pelo Atlético-MG e fala sobre caso de estupro: ‘Consigo ver meus defeitos’
Cuca é apresentado pelo Atlético-MG e fala sobre caso de estupro: ‘Consigo ver meus defeitos’
Cuca, treinador do Atlético-MG.Foto: Flickr/Pedro Souza/Atlético
Apoie Siga-nos no

Apresentado nesta segunda-feira 13 para iniciar sua quarta passagem como treinador do Atlético-MG, Cuca se pronunciou sem detalhes sobre sua condenação — anulada em 2023 — em um processo de estupro contra uma menina de 13 anos, na Suíça, em 1987.

À época jogador do Grêmio, ele foi condenado em 1989 a 15 meses de prisão e 8 mil dólares de multa. Chegou a ser preso por 30 dias, mas retornou ao Brasil enquanto o julgamento se desenrolava na Suíça. Outros três jogadores estavam envolvidos.

“Demorei muito tempo para falar daquele tema, e hoje eu abro falando dele. Eu demorei a ver meus defeitos. Eu tentava falar do Cuca e a sociedade queria saber da causa, do que eu,como homem, podia fazer”, disse o técnico nesta segunda. “Tenho trabalhado incessantemente para ser uma pessoa melhor, entender o tema, não só pelo Cuca, pelas minhas filhas, minha mãe, mas pelo respeito que as mulheres merecem. Estou aliado a isso.”

Cuca ainda declarou que o futebol “é muito machista” e que age “de forma discreta” para promover o respeito às mulheres. “Não sou de fazer propaganda”, alegou.

O caso voltou à tona em abril de 2023, após o Corinthians contratar Cuca, ocasião em que uma reportagem publicada por um jornal suíço em 1989 foi resgatada nas redes sociais. Além disso, o advogado da vítima, Willi Egloff, afirmou ao UOL que a menina reconheceu Cuca como um dos agressores e que o sêmen dele foi usado como prova.

Depois de deixar o Corinthians por causa do escândalo, Cuca contratou advogados no Brasil e na Suíça para solicitar um novo julgamento, sob o argumento de que não foi devidamente convocado pela Justiça do país para apresentar a sua defesa.

A decisão de reverter a condenação ocorreu em 28 de dezembro de 2023. A juíza Bettina Bochsler, porém, não entrou no mérito da questão: a ordem decorreu do entendimento de que o crime prescreveu, conforme recomendação do Ministério Público.

“O processo criminal contra Alexi Stival por fornicação e coerção com criança, supostamente cometido em 30 de julho de 1987, em Berna, será descontinuado, devido ao prazo de prescrição”, diz o documento.

Em uma decisão de 22 de novembro de 2023, a juíza já havia considerado que a sentença contra Cuca havia ocorrido “à revelia”, ou seja, sem a oportunidade de defesa. Naquele documento, a magistrada admitiu a reavaliação do processo, mas o procedimento ficou invalidado com a anulação da condenação.

A vítima, Sandra Pfäffli, morreu em 2002, aos 28 anos. Ela foi procurada pela Justiça quando já havia falecido. Um herdeiro foi localizado, mas não quis se tornar parte do processo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo