Sustentabilidade

Temperatura média mundial ficou 1,6 °C acima dos níveis pré-industriais em 2024, mostra observatório europeu

Foi a primeira vez que temperatura global superou barreira de 1,5 °C acima do período anterior a 1900; marca é referência para indicar piores consequências do aquecimento global

Temperatura média mundial ficou 1,6 °C acima dos níveis pré-industriais em 2024, mostra observatório europeu
Temperatura média mundial ficou 1,6 °C acima dos níveis pré-industriais em 2024, mostra observatório europeu
Incêndio em Altadena, ao norte de Los Angeles, em 8 de janeiro de 2025. Foto: Josh Edelson/AFP
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O ano de 2024, considerado o mais quente já registrado, ficará marcado como o primeiro a romper uma marca considerada crucial para se medir o avanço da crise climática no mundo: a temperatura média do ano passado ficou 1,6 °C acima dos níveis pré-industriais.

Os dados são do observatório Copernicus, da União Europeia (UE), e foram divulgados nesta sexta-feira 10. Segundo a entidade, a temperatura média do planeta no ano passado foi de 15,10 °C, considerando regiões que vão da África Subsaariana ao Ártico. Isso representa um aumento de 0,12 °C na comparação com 2023, o ano mais quente já registrado até então.

Ao longo dos últimos anos, os especialistas formaram consenso em torno da ideia de que ultrapassar em 1,5 °C as temperaturas médias do período pré-industrial seria uma condição capaz de revelar as piores consequências do aquecimento global

Por “níveis pré-industriais”, devem ser entendidos valores registrados no período entre 1850 e 1900, cuja indústria, apesar de já existente nos países mais desenvolvidos, não era capaz de produzir gases-estufa em larga escala. 

Outros índices

As temperaturas mais elevadas têm consequências que vão além do simples calor. Com elas, as chuvas ficam mais intensas e os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes.

Também no ano passado, a quantidade de vapor d’água na atmosfera atingiu um recorde, ficando cerca de 5% acima da média registrada entre 1991 e 2020. O excesso de umidade no ar leva à manifestação de chuvas extremas, como as que assolaram o Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2024.

Para o diretor do serviço de mudanças climáticas do Copernicus, Carlos Buontempo, “os muitos eventos recordes que vimos ao longo dos últimos 12 meses não são meras casualidades estatísticas, mas sim uma consequência direta do aquecimento generalizado do nosso sistema climático”.

O especialista aponta, ainda, que “esse aquecimento é, em grande parte, impulsionado pelo aumento constante das concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa”.

Pressionado por temperaturas altas e níveis de umidade elevados, o mundo atual proporciona às pessoas o que se pode entender como “estresse térmico”. Esse fenômeno costuma acontecer quando o corpo humano passa a ser exposto de forma permanente a temperaturas altas, e suas consequências são diversas, como mal-estar, desidratação e problemas cardíacos. Segundo o Copernicus, o dia 10 de julho de 2024 representou um pico desse indicador, com 44% do mundo afetado por estresse térmico forte ou extremo.

Outra marca negativa de 2024 foi a temperatura dos oceanos. O ano também bateu recorde da série histórica, com uma temperatura média anual da superfície do mar em 20,87 °C, ficando 0,51 °C acima da média registrada entre 1991 e 2020. Essas temperaturas altas levam a inundações frequentes e à erosão da costa marítima. 

Diante do quadro, Buontempo considera que “os muitos eventos recordes que vimos ao longo dos últimos 12 meses não são meras casualidades estatísticas, mas, sim, uma consequência direta do aquecimento generalizado do nosso sistema climático. Esse aquecimento é, em grande parte, impulsionado pelo aumento constante das concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa”.

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