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Oposição diz que Machado foi presa e depois libertada; governo Maduro nega

O presidente tomará posse nesta sexta-feira 10 para seu terceiro mandato. A oposição sustenta ter havido fraude na eleição

Oposição diz que Machado foi presa e depois libertada; governo Maduro nega
Oposição diz que Machado foi presa e depois libertada; governo Maduro nega
A líder oposicionista María Corina Machado, em manifestação em Caracas, em 9 de janeiro de 2025. Foto: Juan Barreto/AFP
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Aliados de María Corina Machado, líder da oposição ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmaram que ela foi libertada no fim da tarde desta quinta-feira 9, após ser “interceptada” e “levada embora à força” ao liderar uma manifestação em Caracas. O governo nega a detenção.

Segundo a equipe de Machado, ela se pronunciará sobre o caso nas próximas horas. “Durante o período do sequestro, foi obrigada a gravar vários vídeos e posteriormente foi libertada”, diz o comunicado, divulgado por volta das 18h (de Brasília).

Há, contudo, um conflito de versões. Número dois de Maduro, o ministro do Interior, Diosdado Cabello, negou que a adversária tenha sido detida. “Eles alarmam o povo e mentem para a Venezuela. María Corina está louca para que a capturemos, mas depois  apareceu em um vídeo porque percebeu que não deu em nada”, disse o chavista em um ato em Caracas.

Nicolás Maduro tomará posse nesta sexta-feira 10 para seu terceiro mandato. O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela referendou a vitória do presidente sobre Edmundo González Urrutia, mas não publicou as atas de votação. A oposição, por sua vez, sustenta ter triunfado e alega fraude no pleito.

Urrutia havia se manifestado sobre a situação da aliada em uma mensagem nas redes sociais. “Como presidente eleito, exijo a libertação imediata de María Corina Machado”, escreveu. “Às forças de segurança que a sequestraram eu digo: não brinquem com fogo.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nas redes sociais que Machado e Urrutia “expressam pacificamente a vontade do povo” e “devem permanecer a salvo e vivos”.

Já o governo da Espanha expressou “condenação total”, enquanto a Colômbia rechaçou o “assédio sistemático” a Machado, apesar de seu presidente, Gustavo Petro, ter classificado os relatos de sua detenção de “fake news“.

Em cima de um veículo, Machado apareceu em público nesta quinta pela primeira vez desde 28 de agosto. “Se algo acontecer comigo, a instrução é bastante clara. Ninguém vai negociar a liberdade da Venezuela pela minha liberdade”, disse ela no início desta semana em uma entrevista à AFP.

Além disso, as autoridades venezuelanas oferecem 100 mil dólares (613 mil reais) pela captura de González Urrutia e já advertiram que, se ele desembarcar no país, será preso imediatamente.

“Nos veremos muito em breve em Caracas, em liberdade”, disse o ex-candidato em um evento na República Dominicana, a última parada de um giro que o levou a Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Panamá.

Brasil na cerimônia

O presidente Lula (PT) deve enviar a embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Oliveira, à posse de Maduro. O governo brasileiro, contudo, não reconheceu o triunfo do chavista.

Glivânia Maria de Oliveira assumiu a embaixada brasileira em Caracas no início de 2024. Formou-se em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e fez um mestrado em Teoria Política pela Escola de Economia e Ciência Política de Londres.

Antes de comandar a representação brasileira na Venezuela, foi diretora do Instituto Rio Branco, centro de formação do Ministério das Relações Exteriores. Ela serviu nas embaixadas em Varsóvia, Londres e Assunção, além de chefiar o Consulado-Geral em Boston e a Embaixada no Panamá.

Também foi chefe de gabinete da Secretaria-Geral das Relações Exteriores, dietora do Departamento de Organismos Internacionais e chefe da divisão das Nações Unidas.

O Senado aprovou a indicação de Glivânia Oliveira para a embaixada em Caracas em 12 de dezembro de 2023, com 41 votos favoráveis, um contrário e duas abstenções.

Em novembro de 2024, Lula afirmou que Maduro “é um problema da Venezuela, não do Brasil”.

“Maduro deveria ter mandado as atas para o Conselho Nacional Eleitoral, que foi criado por ele próprio, que tinha dois membros da oposição e três do governo. Ele não mostrou. Foi direto pra Suprema Corte”, disse o petista. “E eu não tenho o direito de ficar questionando a Suprema Corte de outro país, porque eu não quero que nenhum outro país questione a minha Suprema Corte mesmo quando ela erra.”

Após o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela validar o resultado da eleição, Brasil e Colômbia publicaram um comunicado no qual cobraram a publicação das atas.

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