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Primeiro-ministro da Eslováquia faz visita surpresa a Putin

Robert Fico é um dos poucos líderes da União Europeia com quem o presidente russo mantém relações cordiais desde a intervenção na Ucrânia

Primeiro-ministro da Eslováquia faz visita surpresa a Putin
Primeiro-ministro da Eslováquia faz visita surpresa a Putin
Robert Fico e Vladimir Putin. Foto: Gavriil GRIGOROV / POOL / AFP
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O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu, neste domingo 22, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, um dos poucos líderes da União Europeia com quem mantém relações cordiais desde a intervenção russa na Ucrânia, anunciou o Kremlin.

Essa visita incomum de um líder ocidental a Moscou não havia sido anunciada.

“Uma reunião está ocorrendo atualmente no Kremlin entre Vladimir Putin e o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, em uma visita de trabalho a Moscou”, escreveu a Presidência russa em seu canal no Telegram.

A mensagem foi acompanhada por um vídeo mostrando os dois líderes sorrindo e apertando as mãos antes de se sentarem um ao lado do outro.

Robert Fico, que retornou ao poder em outubro de 2023 na Eslováquia, membro da União Europeia e da Otan, ordenou a suspensão da ajuda militar à Ucrânia, que enfrenta uma operação militar russa há quase três anos, e apoia a abertura de negociações de paz para resolver o conflito.

Ele também censura Kiev por colocar em risco o fornecimento de gás russo, do qual seu país é altamente dependente.

A Ucrânia anunciou durante o verão que não renovaria, após o final do ano, seu contrato com Moscou para transportar o gás russo para a Europa por meio de sua extensa rede de gasodutos.

Nas últimas semanas, a Eslováquia e a Hungria, também altamente dependentes do gás russo, reclamaram dessa decisão, que os privará de hidrocarbonetos sem alternativas reais no meio da temporada de inverno.

“Danos econômicos”

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não quis dar detalhes sobre as questões discutidas, mas disse que “presumia” que os dois líderes abordariam a questão do encaminhamento do gás russo.

Peskov acrescentou, quando perguntado em uma entrevista pelo jornalista russo Pavel Zarubin, que é intimamente ligado ao Kremlin, que a visita foi planejada “há alguns dias”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se manifestou na quinta-feira contra um possível mecanismo de trânsito para o gás russo comprado pelo Azerbaijão, uma das opções que estão sendo consideradas.

“Se alguém está impedindo o trânsito de gás e causando aumentos de preços e danos econômicos à UE, esse alguém é Zelensky”, disse Fico na sexta-feira.

Lembrando que seu país fornece ajuda humanitária à Ucrânia, ele ameaçou com possíveis “medidas” para punir Kiev por sua decisão.

“Destruição”

Putin havia prometido mais “destruição” na Ucrânia em uma reunião do governo, em resposta a um ataque de drones que atingiu um prédio residencial em Kazan, cidade central russa a cerca de 1.000 quilômetros da fronteira ucraniana, no sábado.

“Qualquer pessoa que tentar destruir qualquer coisa em nosso país […] enfrentará uma destruição muito maior e se arrependerá de tudo o que tentou fazer em nosso país”, disse ele.

Os drones atingiram edifícios residenciais, mas não causaram vítimas, de acordo com as autoridades locais.

Em vídeos publicados nas mídias sociais russas, é possível ver o impacto dos drones em um prédio de vidro alto.

Edifício bombardeado em Kazan, na Rússia.
Foto: Handout / Telegram / @kzn_official / AFP

A Ucrânia não comentou sobre o ataque, nem sobre as acusações russas.

Kiev frequentemente realiza bombardeios na Rússia, principalmente contra alvos industriais, em especial navios petroleiros, em resposta aos ataques aéreos russos e à operação lançada por Moscou contra seu território em fevereiro de 2022.

No entanto, é incomum que a Ucrânia seja acusada de atacar edifícios residenciais tão longe de suas fronteiras.

Enquanto isso, na linha de frente, a Rússia acelerou seu avanço no leste da Ucrânia nos últimos meses, buscando ganhar o máximo de terreno possível antes da posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em janeiro.

O último se comprometeu a encerrar o conflito rapidamente, sem explicar de fato como pretende fazer isso.

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