Política
Delator do PCC relatou pagamento de propina a Delegado Olim e a chefe do Deic
O caso está sob investigação pelo Ministério Público e pela Corregedoria da Polícia Civil. Os citados negam envolvimento
Em depoimento prestado ao Ministério Público de São Paulo, o delator do PCC Antônio Gritzbach mencionou um suposto pagamento de propina de 4,2 milhões de reais a três autoridades: o deputado estadual Delegado Olim (PP); o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais, o Deic, Fábio Pinheiro Lopes; e o delegado Murilo Fonseca Roque, então titular do 24º Distrito Policial, da Ponte Rasa.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira 20 pelo jornal O Globo, que teve acesso à oitiva prestada pelo empresário em setembro, dois meses antes de ser executado no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).
Segundo o depoimento, o pagamento às autoridades teria acontecido em abril de 2022, por intermédio do advogado Ramsés Gonçalves, que representava Gritzbach em um processo por lavagem de dinheiro. Com o suposto repasse, as autoridades ajudariam o empresário a conseguir a restituição de seu passaporte, o desbloqueio de bens e a liberdade durante os processos.
Ao jornal, Fábio Pinheiro Lopes afirmou que os supostos benefícios requeridos pelo delator não foram alcançados. Segundo ele, os imóveis de Gritzbach foram bloqueados no inquérito conduzido pelo departamento e até hoje o passaporte está na delegacia.
Em depoimento, Gritzbach declarou que Ramsés teria cobrado 5 milhões de reais para ajudá-lo: 800 mil em honorários advocatícios e o restante para distribuir propinas. O delator afirmou ter pago parte do valor em espécie, além de ter feito uma transferência bancária de 300 mil reais em 24 de junho de 2022. O pagamento, segundo o a oitiva, ainda envolveu “diversos cheques” e dois apartamentos.
Os três citados na delação negam as acusações. O caso é investigado pelo Ministério Público e pela Corregedoria da Polícia Civil.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Corregedoria da Polícia Civil “apura rigorosamente todos os fatos apresentados na delação citada, reafirmando seu compromisso com a transparência e a responsabilidade institucional”. Acrescentou ainda que foi instaurado um procedimento para a devida apuração dos policiais citados no caso.
Lopes chegou ao Deic no início de 2022, cerca de um mês antes da instauração do inquérito contra Gritzbach no departamento. A Secretaria de Segurança Pública informou ter afastado Roque, que estava no 3° DP de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Também em nota, Olim negou ter relação com Gritzbach e com o advogado Ramses. “Recebo, com veemente indignação, notícias acerca do meu nome e de outras honradas autoridades com fatos nebulosos, imprecisos e improvados, os quais não guardam qualquer relação com a realidade.”
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