Economia
Haddad fala em ‘surpresa’ com Selic, mas diz que alta já era precificada
Sobre o corte de gastos, o ministro afirmou que uma semana é suficiente para as medidas serem aprovadas nas duas Casas


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta quarta-feira a decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros para 12,25% ao ano. Apesar de citar a “surpresa” com o número, o ministro afirmou que já existia uma precificação do novo aumento.
“Foi (surpresa), por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação nesse sentido. Vou ler com calma, analisar o comunicado, falar com algumas pessoas depois do período de silêncio”, afirmou a jornalistas. O ministro ainda minimizou o possível impacto do ajuste fiscal na elevação dos juros.
“A gente mandou um ajuste que nós consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro para lá [Congresso], mas o que vai sair é o que importa. Então nós procuramos calibrar o ajuste para as necessidades de manutenção da política fiscal”, disse.
Ainda sobre o corte de gastos, Haddad afirmou que uma semana é suficiente para as medidas serem aprovadas nas duas Casas. O ministro ainda voltou a reforçar o compromisso do governo Lula (PT) com a meta fiscal: “do ponto de vista fiscal, nós estamos perseguindo as metas estabelecidas já há um ano”, completou Haddad.
Justificativas do BC
Ao explicar a decisão desta quarta, o Banco Central mencionou um ambiente externo “desafiador”, devido principalmente à conjuntura econômica nos Estados Unidos. O argumento é que há dúvidas sobre os ritmos de desaceleração e desinflação — e, consequentemente, sobre a postura do Fed, o banco central americano.
No front doméstico, segundo o BC, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continua a apresentar dinamismo, com destaque para o Produto Interno Bruto do terceiro trimestre.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, indica o comunicado do BC.
O Copom projeta para as duas próximas reuniões ajustes de mesma magnitude, a se confirmar o cenário esperado. A Selic chegaria, portanto, a 14,25%, o maior nível em mais de oito anos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Nova alta na Selic gera um gasto adicional de R$ 55 bilhões para a União, aponta estudo
Por CartaCapital
‘Incompreensível’ e ‘sabotagem’: veja reações de entidades e políticos à alta da Selic
Por CartaCapital