Economia

Nova alta na Selic gera um gasto adicional de R$ 55 bilhões para a União, aponta estudo

O cálculo foi feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)

Nova alta na Selic gera um gasto adicional de R$ 55 bilhões para a União, aponta estudo
Nova alta na Selic gera um gasto adicional de R$ 55 bilhões para a União, aponta estudo
Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 12,25% ao ano deve gerar um impacto adicional de pelo menos 55 bilhões de reais para a União.

O cálculo, feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), é com base nos juros pagos a partir da dívida do setor público indexada à taxa Selic.

Somente em 2023, União pagou mais de 732 bilhões de reais em juros dos títulos, que tem a Selic como principal índice em suas negociações. O valor equivale a 4,3 vezes os investimentos com o Bolsa Família, 8 vezes o montante direcionado para o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Para o economista do Dieese, Gustavo Cavarzan, o BC tem se omitido em cumprir sua função, especialmente no que diz respeito à política monetária. “O que parece é que a entidade acaba se submetendo, reiteradamente, às chantagens do mercado financeiro, ao invés de atuar para reduzir a pressão sobre o Real sem aumentar Selic”, disse.

A decisão do BC fez o Brasil voltar a subir o ranking da taxa real de juros do mundo, ficando no segundo lugar, atrás apenas da Turquia, com 13,33%, ante 9,48% do Brasil.

Ao justificar a decisão desta quarta, o Banco Central mencionou um ambiente externo “desafiador”, devido principalmente à conjuntura econômica nos Estados Unidos. O argumento é que há dúvidas sobre os ritmos de desaceleração e desinflação — e, consequentemente, sobre a postura do Fed, o banco central americano.

Quando a decisão é pelo aumento na Selic, o objetivo é desaquecer a demanda: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também podem dificultar a expansão da economia.

Ao reduzir a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Confira os resultados das reuniões do Copom desde o último ciclo de redução:

  • agosto de 2023: de 13,75% para 13,25%;
  • setembro: de 13,25% para 12,75%;
  • novembro: de 12,75% para 12,25%;
  • dezembro: de 12,25% para 11,75%;
  • janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
  • março: de 11,25% para 10,75%;
  • maio: de 10,75% para 10,50%;
  • junho: manutenção em 10,50%;
  • julho: manutenção em 10,50%;
  • setembro: de 10,50% para 10,75%;
  • novembro: de 10,75% para 11,25%; e
  • dezembro: de 11,25% para 12,25%.

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