Economia

O que esperar da última reunião do BC sob o comando de Campos Neto

Mercado financeiro acredita em nova alta na taxa de juros

O que esperar da última reunião do BC sob o comando de Campos Neto
O que esperar da última reunião do BC sob o comando de Campos Neto
O ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne a partir desta terça-feira 10 para o último encontro chefiado pelo atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. Indicado para o cargo pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro (PL), ele deixa a cadeira após seis anos, beneficiado pela “autonomia” do BC.

Para este último encontro, que deve terminar na quarta-feira 11, a expectativa do chamado mercado financeiro é de nova alta na taxa básica de juros, a Selic. Hoje em 11,25% ao ano, ela já é uma das mais altas do mundo. A última edição do Boletim Focus, elaborado pelo próprio BC em entrevistas com analistas desse mercado, aposta em alta de 0,75%.

A ata da última reunião do Comitê, publicada em 14 de novembro (a reunião aconteceu nos dias 5 e 6), traz a palavra “incerteza” (no singular ou no plural) oito vezes, o que ajudou a reforçar a expectativa por aumento da taxa de juros nesta última reunião do ano.

Após esta reunião, Campos Neto deixará a presidência do BC. O cargo ficará nas mãos de Gabriel Galípolo, indicado por Lula e aprovado com folga em votação no Senado. Ele assume formalmente a cadeira em 1º de janeiro de 2025.

Relações distintas com Lula e Bolsonaro

Apontado para a presidência do BC por Bolsonaro e Paulo Guedes ainda em 2018, Campos Neto se tornou o primeiro presidente a gozar da estabilidade prevista pela autonomia do Banco Central.

Aprovada em 2021 – durante o governo do ex-capitão –, a medida garante ao presidente da República a nomeação do presidente do BC, mas exige justificativa para demissão antes do fim do mandato. Campos Neto completará seis anos no cargo, mas o mandato atual teve início em 2021.

Apesar da suposta isenção prevista para o cargo, a agenda oficial do ainda presidente do BC indica predileção por Bolsonaro na comparação com o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: ele se encontrou 52 vezes com o capitão reformado (em 48 meses). Nos 19 primeiros meses de Lula no Planalto neste terceiro mandato, Campos Neto só esteve com ele uma vez.

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