Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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BNegão faz o percurso de sua alquimia sonora, do reggae ao arrocha carioca, no 1° disco solo

Há 21 anos o músico deveria ter lançado seu primeiro álbum, mas decidiu transformá-lo em trabalho com a banda Seletores de Frequência

BNegão faz o percurso de sua alquimia sonora, do reggae ao arrocha carioca, no 1° disco solo
BNegão faz o percurso de sua alquimia sonora, do reggae ao arrocha carioca, no 1° disco solo
Foto: Divulgação
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Depois de um trabalho intenso nos últimos anos como vocalista do Planet Hemp, BNegão acaba de lançar seu primeiro álbum solo, intitulado Metamorfoses, Riddims e Afins.

“Tentei fazer um disco solo com Enxugando Gelo (2003). Quando entrei no estúdio e convidei as pessoas para tocar, era para participar de meu disco. Mas, quando acabou a gravação, vi que era um trabalho de banda. Reuni toda a galera e disse: ‘A partir de agora, se tiverem a pilha de seguir, o nome de vocês vai virar Seletores de Frequência’. Aí virou uma banda”, relata BNegão em entrevista a CartaCapital.

Ele conta que já estava na “pilha” de fazer esse tipo de som. “Sempre curti misturar o som orgânico do instrumento com o som eletrônico”, explica. Começou a se dedicar à ideia do disco solo há dez anos.

O álbum de recriações é uma trajetória na alquimia sonora de BNegão, que vai dos ritmos latinos reggae e cumbia, passa pelo punk nacional e o pagodão baiano e deságua no arrocha carioca, com inserções de som orgânico e eletrônico.

O disco abre com Intro Amazônica (Sandro Lustosa), ao som da floresta. “Tenho relação forte com a Amazônia, sou filho de manauara por parte de pai”, diz. Depois, Tudo no Esquema (Pensamento Libertário), de BNegão, Gilber T, Pedro Selector e Sandro Lustosa. “Essa música vai para a cumbia, que é um som de floresta colombiana, chega para o lado de cá e se junta com samba-reggae.”

“Aí vem para o Canto da Sereia (Osvaldo Nunes), que faz parte da cultura ribeirinha, do mar, com as batidas e as percussões”, define. O disco continua a contar uma história e chega à cidade com Essa é Pra Tocar no (Heavy) Baile (BNegão, Leo Justi e DJ Nemo), com levada do arrocha carioca e participação do coletivo Heavy Baile.

A Verdadeira Dança do Patinho (BNegão, DJ Rodrigues e Mahal Pita) surge em ritmo do pagodão baiano e com participação do BaianaSystem. Em Cérebros Atômicos (Gordo, Jão e Jabá), com a presença de Paulão King, aparece “brutalmente” o punk nacional, raiz de BNegão.

Depois, Injustiça (BNegão, Tiago Sperb, Machado e Eloy Buono Santos), em duas versões. “A primeira, um rocksteady que é uma parada jamaicana, que tem a ver com punk”, afirma sobre a faixa sete, que conta com a participação de Bruno Pederneiras. A outra versão é instrumental, com Maxado.

Injustiça é uma música de crítica social e, ao mesmo tempo, irônica sobre nossos “pobres” políticos de Brasília que “sofrem” com seus salários. “Entrei na música para isso. Injustiça considero a mais legal. Música violenta e cantada de forma linda, estilo rocksteady.”

Na nona faixa, O Sósia (José Carlos Gomes Ferreira e Duda), BNegão dá nova roupagem à música clássica dos anos 1980 do grupo Moleque de Rua. “Uma música de alquimia total. Na essência dela é o samba-rock, mas tem melodia ‘jorgebeniana’ e ao mesmo tempo samba-reggae.”

Fechando o disco, o samba Sorriso Aberto (Guará), com batida afrobeat e do maculelê e participação do Digitaldubs.

BNegão é esse caldo sonoro, inquieto e cheio de mutações e interações musicais. Um sacode nas plataformas de música com milhares de discos monotemáticos e sem ousadia.

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