Mundo

Biden indulta filho Hunter em casos de evasão fiscal e compra de arma

O perdão foi emitido após o presidente dos EUA ter afirmado repetidamente que não interferiria nos problemas legais de seu filho, de 54 anos

Biden indulta filho Hunter em casos de evasão fiscal e compra de arma
Biden indulta filho Hunter em casos de evasão fiscal e compra de arma
Joe Biden e seu filho Hunter. Foto: Mandel NGAN / AFP
Apoie Siga-nos no

Joe Biden anunciou no domingo (1) que, como parte de suas últimas decisões antes de deixar a presidência dos Estados Unidos, concedeu um indulto oficial para o filho Hunter Biden, que enfrenta sentenças em dois casos criminais relacionados à evasão fiscal e à compra de uma arma de fogo.

“Nenhuma pessoa razoável que analise os fatos dos casos de Hunter pode chegar a qualquer outra conclusão além de que ele foi alvo apenas porque é meu filho — e isso está errado”, afirmou o presidente em um comunicado, chamando o caso de um “desvio judicial”.

A medida certamente provocará novos questionamentos sobre a independência do sistema judicial americano, em particular no momento em que o presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, nomeou colaboradores leais para comandar o FBI e o Departamento de Justiça.

Hunter Biden foi condenado no início deste ano por mentir sobre seu uso de drogas ao comprar uma arma, o que é considerado um crime nos Estados Unidos, e também se declarou culpado em um julgamento separado de fraude fiscal.

O perdão foi emitido após Biden ter afirmado repetidamente que não interferiria nos problemas legais de seu filho, de 54 anos.

Eu disse que não interferiria nas decisões do Departamento de Justiça e cumpri minha palavra, mesmo enquanto assistia ao meu filho sendo processado de forma seletiva e injusta”, afirmou o presidente democrata no comunicado.

“As acusações nos casos dele surgiram apenas depois que vários dos meus oponentes políticos no Congresso as instigaram para me atacar e se opor à minha eleição”, acrescentou.

“Eu acredito no sistema de justiça, mas, enquanto luto com essa questão, também acredito que a política crua infectou esse processo e levou a um desvio judicial.”

Em um comunicado enviado à imprensa americana, Hunter Biden, que lutou contra a dependência em drogas, afirmou que dedicará a vida que “reconstruiu” para ajudar aqueles que “ainda estão doentes e sofrendo”.

Acordo fracassado

Os presidentes dos Estados Unidos estabeleceram a tradição de utilizar os indultos para ajudar familiares e outros aliados políticos.

Bill Clinton concedeu o indulto para seu meio-irmão por acusações antigas de posse de cocaína e, durante seu primeiro mandato, Trump perdoou o pai de seu genro por evasão fiscal, embora nos dois casos ambos já tivessem cumprido suas penas de prisão.

Hunter Biden se declarou culpado em um processo por evasão fiscal em setembro e enfrentava a possibilidade de uma pena de até 17 anos de prisão. A acusação separada de posse de arma representava um risco de 25 anos de prisão.

A divulgação das duas sentenças estava prevista para meados de dezembro.

Os advogados alegaram que Hunter foi levado à Justiça apenas por ser filho do presidente. Ele pagou os impostos atrasados, assim como as multas impostas pelas autoridades. Hunter chegou a um acordo de culpa que o manteria fora da prisão, mas o acordo foi descartado no último minuto.

O caso foi por muito tempo um problema para a família Biden, especialmente durante este ano eleitoral, no qual os republicanos denunciaram que Hunter Biden foi tratado com muita indulgência.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo