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Ex-chefe da Aeronáutica relata pressão de Zambelli para aderir ao golpe
A informação está no relatório em que a PF indiciou Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas pela conspiração de 2022


O tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, afirmou em depoimento à Polícia Federal ter sido pressionado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a aderir à trama golpista para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota contra Lula (PT) em 2022.
A informação está no relatório em que a PF indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas pela conspiração de 2022. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes retirou o sigilo do documento nesta terça-feira 26 e enviou o inquérito à Procuradoria-Geral da República. Cabe agora à PGR denunciar os indiciados, arquivar o caso ou solicitar novas diligências.
“Brigadeiro, o senhor não pode deixar o presidente Bolsonaro na mão”, disse Zambelli em 8 de dezembro de 2022, segundo o relato de Baptista Júnior. O militar afirma ter respondido à bolsonarista: ““Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade”.
Leia o que diz a Polícia Federal sobre o papel de Bolsonaro na trama e o motivo pelo qual o plano fracassou:
“Os dados descritos corroboram todo o arcabouço probatório, demonstrando que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, efetivamente planejou, ajustou e elaborou um decreto que previa a ruptura institucional, fato que não se consumou por circunstancias alheia a sua vontade, no caso, a resistência do comandante do Exército Freire Gomes e da maioria do Alto Comando que permaneceram fieis a defesa do Estado Democrático de Direito, não dando o suporte armado para que o presidente da República consumasse o golpe de Estado”.
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