Sociedade
A cada 10 minutos uma mulher é morta por feminicídio no mundo, alerta a ONU
Os casos são cometidos, em ampla maioria, por um parceiro íntimo ou por um membro da família


A cada 10 minutos uma mulher ou menina é morta, no mundo, por seu parceiro íntimo ou por um membro da família. A constatação é de um levantamento divulgado pela ONU Mulheres, nesta segunda-feira 25, data em que se comemora o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres.
Os dados revelam que o feminicídio, a forma de violência mais extrema contra meninas e mulheres, continua difundido globalmente.
Em 2023, 85 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente. 63% desses homicídios – 51 entre 100 casos – foram cometidos por um parceiro íntimo ou por um membro da família. A estatística é a de que 140 mulheres e meninas morrem todos os dias pelas mãos do parceiro ou de um parente próximo, o que significa que uma mulher ou menina é morta a cada 10 minutos.
As taxas de feminicídio mais elevadas, em 2023, foram registradas na África, seguida pelas Américas e Oceania. Na Europa e nas Américas, 64% das mulheres mortas na esfera doméstica foram vítimas de parceiros íntimos; os familiares são responsáveis por 58% dos homicídios cometidos em outros espaços.
A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, defendeu ações que possam evitar a continuidade da violência contra meninas e mulheres, no mundo.
“A violência contra mulheres e meninas não é inevitável – é evitável. Precisamos de legislação robusta, de uma melhor base de dados, de uma maior responsabilização governamental, de uma cultura de tolerância zero e de um aumento do financiamento para organizações e órgãos institucionais que defendem os direitos das mulheres”, defendeu, ao citar a proximidade do 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, que estabeleceu objetivos estratégicos em doze áreas prioritárias de preocupação relativas às mulheres.
“E hora de os líderes mundiais se unirem e agirem com urgência, renovarem os compromissos e canalizarem os recursos necessários para acabar com esta crise de uma vez por todas”, completou.
A diretora-executiva do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Ghada Waly, também parceira no levantamento dos dados, destacou necessidades urgentes para enfrentar o cenário.
“O novo relatório sobre o feminicídio destaca a necessidade urgente de sistemas de justiça criminal fortes que responsabilizem os perpetradores, garantindo ao mesmo tempo um apoio adequado aos sobreviventes, incluindo o acesso a mecanismos de denúncia seguros e transparentes”, avaliou.
“Ao mesmo tempo, devemos confrontar e desmantelar os preconceitos de gênero, os desequilíbrios de poder e as normas prejudiciais que perpetuam a violência contra as mulheres. Devemos agir agora para proteger a vida das mulheres”, finalizou.
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