Cultura

Mart’nália lança álbum com clássicos do pagode, mas rejeita a pecha de “pagodeira”

A sambista revisita o gênero em novo disco, mas mantém sua essência ligada ao samba tradicional

Mart’nália lança álbum com clássicos do pagode, mas rejeita a pecha de “pagodeira”
Mart’nália lança álbum com clássicos do pagode, mas rejeita a pecha de “pagodeira”
Mart’nália lança novo álbum 'Pagode da Mart’nália'. Foto: Nil Canine
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Quando o termo “pagode” ganhou força na indústria fonográfica no início dos anos 1990, Mart’nália havia lançado apenas um disco, em vinil, em 1987, que levava seu nome. Na época, ela era backing vocal para o pai, Martinho da Vila, e se destacava como percussionista na escola de samba Vila Isabel e em shows de artistas como Ivan Lins.

“Nunca ouvi essas músicas. Não era minha praia”, afirma Mart’nália, em entrevista à CartaCapital, ao falar sobre seu recém-lançado Pagode da Mart’nália. O álbum, dedicado ao estilo que ela antes ignorava e que hoje alcança certo status cult, marca sua estreia pela Sony Music.

A ideia de gravar o disco veio de um sonho da produtora Marcia Alvarez. “A Marcinha sonhou que eu estava cantando pagode, Katinguelê. Eu disse: ‘Tá maluca’. Ela insistiu: ‘Pense bem’. Acabou me convencendo”, conta a cantora. Mart’nália compara a proposta com o trabalho anterior Mart’nália Canta Vinicius de Moraes (2019). “No caso do Vinícius, eu já tinha intimidade com as letras. Aqui, não conhecia essas músicas.”

A curadoria das faixas ficou a cargo de Marcia e Marcus Preto, diretores artísticos do projeto, que selecionaram canções do pagode romântico para se adequarem ao estilo de Mart’nália. “Tem músicas que não gosto de cantar, uma tristeza desnecessária. Não passo por essa dor toda. Não gosto de música de corno”, brinca.

Mesmo assim, o álbum inclui sucessos como Que Se Chama Amor e Essa Tal Liberdade, do Só Pra Contrariar, além de Sem o Teu Calor, do Exaltasamba. Outros grupos representados são Raça, Raça Negra, Molejo, Revelação, Katinguelê, Soweto e Art Popular. As participações especiais ficam por conta de Caetano Veloso, Luísa Sonza e Martinho da Vila.

“Gostei da ideia. Quando eu falava que ia gravar pagode, as pessoas perguntavam: ‘Que isso?’ Eu respondia: ‘Calma, vou colocar a cadência da Vila’”, relata a cantora. Mart’nália imprimiu suas características divisões vocais do samba tradicional às canções. O diretor musical Luiz Otávio ajustou os arranjos para um padrão refinado, aproximando-os ainda mais do samba.

“Foi um desafio”, admite Mart’nália. “Minha função é alegrar as pessoas. Minha voz e meu jeito de cantar são assim.”

Apesar da experiência, a sambista não pretende migrar para o pagode. “Não fico pensando no processo da música brasileira nesse sentido. Também não vou virar pagodeira e começar a ouvir pagode”, promete.

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