Política
Flávio Bolsonaro sai em defesa de militares presos pela PF e diz que ‘pensar em matar não é crime’
Senador e filho de Jair Bolsonaro minimiza trama golpista que envolvia o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes


O senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), minimizou os planos golpistas que envolviam o assassinato do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outras figuras do primeiro escalão da política nacional, dizendo que “por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime”.
A declaração de Flávio foi publicada em postagem na rede social X (antigo Twitter) horas após as prisões de um policial e quatro militares do Exército integrantes dos chamados ‘kids pretos’, unidade de elite da Força.
“Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, destacou a Polícia Federal na investigação.
Além de Lula, o plano golpista descrevia, em detalhes, como o grupo pensava em “neutralizar” o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de 5 pessoas tinha um plano pra matar autoridades e, na sequência, eles criariam um ‘gabinete de crise’ integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam???”, minimizou Flávio Bolsonaro em postagem.
A ideia dos envolvidos na trama era impedir a posse de Lula e Alckmin para viabilizar o golpe de estado e manter Jair Bolsonaro, pai do senador que defende os fardados, no poder. A citação a Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pavimentaria o caminho para a execução do plano.
O plano, diferentemente do que insinua o senador da extrema-direita, não era pequeno, nem envolvia apenas cinco pessoas. A trama tem digitais, por exemplo, do então ministro da Defesa, general Walter Braga Netto. Foi na casa do militar, então vice na chapa de Bolsonaro, que os fardados discutiram detalhes de como se dariam os assassinatos. O documento que previa as execuções também circulou no círculo íntimo de Bolsonaro, pai do senador: foi impresso no Palácio do Planalto e levado ao Palácio do Alvorada, locais ocupados naquele momento pelo ex-capitão.
“Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido”, continuou Flávio.
O post foi compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), irmão de Flávio, e recebeu apoio de outras figuras relevantes do bolsonarismo, como a também deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)
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