Mundo

Novos investimentos e encontro com lideranças: como foi a visita de Biden à Amazônia

Presidente dos EUA anuncia aporte ao Fundo Amazônia e diz que deixa ‘legado forte’ para Trump

Novos investimentos e encontro com lideranças: como foi a visita de Biden à Amazônia
Novos investimentos e encontro com lideranças: como foi a visita de Biden à Amazônia
Biden discursa na Amazônia. Foto: SAUL LOEB / AFP
Apoie Siga-nos no

Naquela que foi a primeira visita de um presidente em exercício dos Estados Unidos à Amazônia, Joe Biden disse que “a luta contra a mudança climática” é a causa da sua passagem pela Casa Branca.

No meio da selva amazônica, onde sobrevoou logo depois de desembarcar em Manaus (AM), Biden confirmou o aporte de 50 milhões de dólares para o Fundo Amazônia.

“A luta contra a mudança climática vem sendo a causa da minha presidência. Não é preciso escolher entre economia e meio ambiente. Nós podemos fazer as duas coisas”, destacou Biden.

Para que valor milionário chegue aos cofres do Fundo Amazônia, porém, o repasse terá que ser aprovado pelo Congresso norte-americano, que será majoritariamente  republicana a partir do ano que vem.

Na coletiva, Biden destacou a necessidade de preservação do que chamou de “lugar sagrado”. “Costuma-se dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo. A Amazônia é o pulmão do mundo. Mas, em minha visão, nossas florestas e maravilhas naturais são o coração e a alma do mundo. […] A Floresta Amazônica foi formada ao longo de 50 milhões de anos. A história literalmente nos observa agora. Então, vamos preservar este lugar sagrado, em nosso tempo e para sempre, para o benefício de toda a humanidade“, disse Biden.

Foto: SAUL LOEB / AFP

Biden esteve acompanhado de uma série de lideranças locais e especialistas no clima. Entre eles, estava o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Henrique dos Santos Pereira; o diretor do Museu da Amazônia (Musa)., Filippo Stampanoni; a liderança do povo Kokama, Altaci Kokama; e o CEO da Mombak, empresa de projetos ligada ao mercado de crédito de carbono, Peter Fernandez.

Investimentos no Fundo Amazônia

Apesar da cifra, os valores totais destinados pelos Estados Unidos ao Fundo Amazônia são menores do que o esperado. O próprio Biden prometeu, no início de 2023, que pretendia injetar 500 milhões de dólares ao Fundo, em cinco anos. 

Se o democrata se mantivesse na presidência, o horizonte seria mais favorável aos investimentos no Fundo. Acontece que a mudança de paradigma no poder norte-americano – com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, cético sobre a necessidade de investimentos contra a crise climática – pode comprometer a participação dos EUA no projeto.

A própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chamou a atenção para o fato de que a promessa dos EUA de doarem os 50 milhões de dólares anunciados hoje devem ser “de Estado”, não estando condicionada à iminente mudança de governo.

“Os EUA tinham se comprometido com os US$ 50 milhões e o Brasil está na expectativa da internalização desses recursos. Afinal de contas, é um compromisso de Estado que não pode mudar porque mudou o governo”, disse Marina, em entrevista ao portal Poder360.

Até o momento, os EUA já contribuíram com o projeto em duas oportunidades: a primeira, em dezembro de 2023, com 3 milhões de dólares; e a segunda, em agosto deste ano, com 47 milhões de dólares. Os dados são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), que é responsável por gerir o Fundo Amazônia.

Passagem de bastão

Faltando pouco mais de dois meses para deixar a presidência dos EUA, dando passagem à volta do republicano Donald Trump ao poder, Biden disse que pretende deixar um “legado forte” ao seu sucessor.

“Estou saindo da presidência em janeiro e vou deixar ao meu sucessor uma base muito forte, se eles decidirem seguir esse caminho. Alguns podem negar ou atrasar a revolução de energia limpa que vem acontecendo nos EUA, mas ninguém pode revertê-la”, afirmou o presidente dos EUA.

Agenda de Biden no Brasil

Na visita de hoje, Biden visitou partes da região especialmente afetadas pelas queimadas. Ao lado da sua comitiva, o democrata também sobrevoou o encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Biden também conheceu a reserva florestal Adolpho Ducke e o Musa.

No final da tarde, Biden embarca para o Rio de Janeiro, onde vai participar, a partir da próxima segunda-feira 18, do encontro do G20. O norte-americano também deverá ter uma reunião bilateral com o presidente Lula (PT).

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo