Política

Por trás da ação individual há sempre ideias de um grupo, diz diretor da PF sobre explosões em Brasília

Andrei Rodrigues afirma não acreditar que atentado seja caso isolado e aponta indícios de relações diretas do episódio com o 8 de Janeiro

Por trás da ação individual há sempre ideias de um grupo, diz diretor da PF sobre explosões em Brasília
Por trás da ação individual há sempre ideias de um grupo, diz diretor da PF sobre explosões em Brasília
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, foi outra autoridade a apontar, nesta quinta-feira 14, conexões entre as explosões registradas em Brasília com um grupo extremista, em especial com participantes da tentativa de golpe de Estado do 8 de Janeiro. Declaração parecida foi feita, mais cedo, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Segundo Rodrigues, o fato da ação de Francisco Wanderley Luiz ser uma ação individual, não afasta a hipótese de que ela esteja intimamente ligada a um plano gestado em grupo. “Particularmente eu tenho algumas ressalvas dessa expressão do ‘lobo solitário’ [criminosos que agem sozinhos]. Ainda que a ação visível seja individual, por trás dessa ação nunca há só uma pessoa, é sempre um grupo ou ideias de um grupo, ou extremismos e radicalismos que levam ao cometimento desses delitos”, disse, em coletiva de imprensa sobre o caso, em Brasília.

O chefe da corporação esclarece, portanto, que a hipótese de uma ação pensada por mais de individuo não está descartada, mas que os elementos para se chegar a essa conclusão de forma definitiva ainda precisam ser analisados pela PF. Um celular e outros itens foram apreendidos em operação realizada nesta quinta e devem ajudar a compreender as motivações do crime, conforme informou o diretor.

“A ação, de fato, foi uma ação individual, mas a investigação dirá se há outras conexões e outras redes. A investigação dirá o que está por trás e o que impulsionou essa ação. Esse é o nosso esforço”, reforçou Rodrigues.

Na coletiva, ele também pontuou que o grupo extremista mencionado pode ser, por exemplo, o mesmo que participou do 8 de Janeiro. A indicação consta em mensagens deixadas pelo próprio autor do ataque na casa alugada em Ceilândia, a 30 km de Brasília. O local foi usado como uma espécie de laboratório do ataque. Durante as buscas realizadas na manhã desta quinta, novos explosivos foram encontrados. Um deles, inclusive, foi acionado assim que o robô anti-bombas da PF abriu uma gaveta.

“Mensagem deixadas na residência citam uma terrorista…uma terrorista não tecnicamente falando, mas uma pessoa que atuou violentamente no 8 de Janeiro. Então isso nos aponta, é um dos elementos e não é o único, para uma relação direta entre esses episódios”, afirma. “Além do que [a existência de] um áudio da ex-esposa que cita que eles estavam aqui em janeiro de 2023, ainda que ela tenha dito que achava que no 8 de Janeiro não estavam no local [Praça dos Três Poderes], mas [confirma] que ele estava em Brasília nesse período e esteve em Brasília outras vezes nesse período de tempo.”

Por fim, o diretor também ecoou os apelos feitos mais cedo pelo ministro Alexandre de Moraes sobre a necessidade de regulação das redes sociais.

As explosões

Na noite desta quarta-feira, Francisco Wanderley Luiz foi o responsável por duas explosões em Brasília, uma delas causou a sua própria morte. O homem mirava, ao que tudo indica, a sede do Supremo Tribunal Federal, onde planejava matar o ministro Alexandre de Moraes, conforme revelado pela sua ex-esposa. Além da explosão em frente à sede do tribunal, ele acionou bombas alocadas em um carro deixado próximo ao prédio da Câmara dos Deputados.

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