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Entidades patronais da Suíça pedem incentivo à inserção de maiores de 65 anos no mercado de trabalho

O objetivo seria limitar o recurso à mão de obra estrangeira, incluindo europeus

Entidades patronais da Suíça pedem incentivo à inserção de maiores de 65 anos no mercado de trabalho
Entidades patronais da Suíça pedem incentivo à inserção de maiores de 65 anos no mercado de trabalho
O partido UDC, de extrema-direita, o maior da Suíça, quer reduzir a entrada de estrangeiros europeus no país. Foto: FABRICE COFFRINI/AFP
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Duas organizações patronais suíças alertaram nesta sexta-feira 8 para a escassez de mão de obra nos próximos dez anos, e propõem aumentar a participação de mulheres e trabalhadores com mais de 65 anos. O objetivo seria limitar o recurso à mão de obra estrangeira, incluindo europeus.

De acordo com um estudo publicado pela Economiesuisse e pela Associação Suíça de Empregadores, a oferta de mão de obra no país deve diminuir em 297.000 funcionários em tempo integral até 2035.

Segundo estimativas, 163 mil funcionários a mais seriam necessários para manter “a prosperidade dos últimos anos”, o que equivale a um déficit de 460.000 pessoas.

As duas entidades patronais, que fizeram as projeções com base em um cenário demográfico do Serviço Federal de Estatística, consideram que “a escassez de mão-de-obra será um grande desafio” para a Suíça.

A pesquisa mostra que as empresas já têm mais dificuldade para preencher as vagas, independentemente da qualificação exigida. As companhias suíças têm uma grande reserva de mão de obra, mas a situação mudou em 2020 com a aposentadoria gradual dos baby boomers, a geração de pessoas nascidas entre 1943 e 1964.

Diminuição de estrangeiros

A livre circulação de pessoas dentro da UE também representou “um importante fator de sucesso para a Suíça”, de acordo com as duas organizações patronais. “No entanto, a imigração resultante dessa circulação é preocupante”, reconhecem as entidades.

A União Democrática do Centro, da direita radical, que é uma das principais do país, vem organizando com frequência referendos populares sobre a imigração, que visam limitar a entrada de estrangeiros no país, incluindo europeus.

As duas organizações patronais consideram que “essa não é a abordagem correta”, já que, além de ignorar “a evolução demográfica”, ameaça as relações com a UE.

Segundo eles, o acesso à mão de obra estrangeira é “crucial”. Mas, para garantir que a imigração permaneça “o mais socialmente aceitável possível”, eles sugerem aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho, “especialmente das mães”, já que muitas delas trabalham meio período diante das dificuldades em encontrar creches acessíveis.

Outra ideia é “um melhor aproveitamento do potencial dos trabalhadores com 65 anos ou mais”, garantindo que é “financeiramente interessante exercer uma atividade remunerada além da idade legal de aposentadoria”.

O número de trabalhadores estrangeiros da fronteira que trabalham na Suíça mais do que dobrou em 20 anos, chegando a mais de 390.000 no final de 2023, de acordo com o Departamento Federal de Estatística. Eles são atualmente alvo de tensões entre Paris e Berna a respeito do acesso ao seguro-desemprego.

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