Economia

Ao elevar Selic a 11,25%, Copom pede ‘política fiscal crível’ e fala em ciclo de aperto monetário

O comitê decidiu por unanimidade aumentar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira 6

Ao elevar Selic a 11,25%, Copom pede ‘política fiscal crível’ e fala em ciclo de aperto monetário
Ao elevar Selic a 11,25%, Copom pede ‘política fiscal crível’ e fala em ciclo de aperto monetário
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira 6, elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, o índice salta de 10,75% para 11,25% ao ano.

Após passar um ano em 13,75%, a Selic teve seis cortes de 0,50 ponto e um de 0,25 entre agosto de 2023 e maio deste ano. O Copom manteve a taxa em 10,50% nas reuniões de junho e de julho, mas tornou a aumentar a Selic em setembro.

Formam o comitê cinco diretores indicados por Jair Bolsonaro (PL) – Roberto Campos Neto (presidente), Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes – e quatro escolhidos por Lula (PT) – Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira. Galípolo substituirá Campos Neto na presidência do BC no início de 2025.

O Brasil fechou esta quarta-feira com a terceira maior taxa real de juros do mundo, segundo o monitoramento da consultoria MoneYou.

Em primeiro lugar no ranking da taxa real, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, está a Turquia, com 15,18%, seguida pela Rússia, com 12,19%. O Brasil chegou a 8,08%.

No comunicado em que anunciou a decisão desta quarta, o Copom afirmou acompanhar “como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”. A nota vem a público no momento em que o governo Lula se prepara para lançar um pacote de corte de gastos.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.

Ao justificar a elevação da Selic, o Copom mencionou um ambiente externo “desafiador”, em especial devido às incertezas na conjuntura econômica nos Estados Unidos, e um cenário doméstico marcado por “resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas”.

O Boletim Focus publicado pelo Banco Central nesta semana, com base em consultas a instituições financeiras, indicou que a previsão do mercado para o IPCA, considerado a inflação oficial do País, subiu de 4,55% para 4,59%.

Se confirmado, o índice romperá o teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional. O objetivo para 2024 é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completou o Copom.

O comitê se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, ocorrem as apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os integrantes do conselho, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

Quando a decisão é pelo aumento na Selic, o objetivo é desaquecer a demanda: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também podem dificultar a expansão da economia.

Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Confira os resultados das reuniões do Copom desde o último ciclo de redução:

  • agosto de 2023: de 13,75% para 13,25%;
  • setembro: de 13,25% para 12,75%;
  • novembro: de 12,75% para 12,25%;
  • dezembro: de 12,25% para 11,75%;
  • janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
  • março: de 11,25% para 10,75%;
  • maio: de 10,75% para 10,50%;
  • junho: manutenção em 10,50%;
  • julho: manutenção em 10,50%;
  • setembro: de 10,50% para 10,75%;
  • novembro: de 10,75% para 11,25%.

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