Do Micro Ao Macro
Como se preparar financeiramente para enfrentar acidentes e períodos sem renda
Educador financeiro orienta sobre planejamento para emergências e proteção financeira


Acidentes podem ocorrer a qualquer momento e com qualquer pessoa, trazendo despesas inesperadas. Nesse contexto, estar preparado financeiramente pode fazer diferença na recuperação e no bem-estar da família. Pessoas com uma organização financeira conseguem lidar melhor com os custos médicos, enquanto a falta de renda temporária pode comprometer o orçamento familiar.
Impacto dos acidentes de trabalho
Quando o acidente ocorre no ambiente profissional, as estatísticas são preocupantes. Dados do eSocial do Ministério do Trabalho revelam que, em 2023, 57 pessoas sofreram acidentes de trabalho por hora no Brasil, somando 499.955 casos no ano. Nessas situações, o trabalhador tem direito ao auxílio-doença e, em casos graves, à aposentadoria por invalidez, ambos assegurados pelo INSS.
Além disso, a legislação garante estabilidade de 12 meses no emprego após o retorno ao trabalho, além de possíveis indenizações ou seguro contra acidentes. Entretanto, se o acidente ocorrer fora do ambiente de trabalho, as proteções são menores e o impacto na renda pode ser significativo, especialmente para quem não possui uma reserva financeira.
Planejamento financeiro para emergências
Segundo o educador financeiro João Victorino, mesmo que ninguém goste de pensar em acidentes, todos deveriam se preparar financeiramente. Ele exemplifica com a situação de um pai de família que sofre um acidente e fica meses sem poder trabalhar. Se o pai for o principal provedor, a falta de renda afeta toda a família, somando-se às despesas da recuperação.
João recomenda que o planejamento financeiro seja feito em conjunto com a família, para que todos estejam cientes dos gastos e metas de economia. “Quando todos sabem quanto possuem e quanto precisam economizar, é mais fácil criar uma reserva de emergência. Esse fundo pode ser guardado ou investido em produtos de baixo risco e alta liquidez, oferecendo suporte em momentos difíceis, como acidentes”, orienta.
Definindo o valor ideal da reserva de emergência
Para João, a reserva de emergência deve cobrir de 6 a 12 meses do custo de vida mensal da família, incluindo despesas essenciais, como aluguel, contas de água, luz, internet, alimentação e transporte. O objetivo é manter o padrão básico de vida mesmo sem renda por um período prolongado.
Em situações de emergência, é importante também reduzir custos. “Cortar despesas não essenciais ou negociar melhores condições de pagamento pode prolongar a reserva. O ideal é que todos na família estejam comprometidos com esse plano, ajustando o orçamento temporariamente”, comenta João.
Seguro e previdência como proteções financeiras
Além de uma reserva, João destaca a importância de considerar um seguro de vida ou pessoal. Esses seguros podem cobrir despesas médicas ou fornecer uma renda temporária em caso de afastamento por acidente, evitando que a situação se torne uma crise financeira.
Outro ponto importante, especialmente para Microempreendedores Individuais (MEIs) e microempresas, é manter os pagamentos à Previdência Social em dia. “Mesmo quem trabalha por conta própria tem direito a benefícios como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, que podem ser essenciais em momentos de necessidade,” enfatiza João.
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