Do Micro Ao Macro

Futuro da economia brasileira passa pela capacitação e fomento das PMEs

Especialista aponta que empresas de menor porte enfrentam alta de pedidos de recuperação judicial e buscam apoio técnico e financeiro

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Os últimos meses trouxeram desafios intensos para o empreendedor brasileiro. Segundo o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, em julho foram registrados 228 pedidos de recuperação judicial, um aumento de 123,5% em comparação com o mesmo período de 2023. Esse número também representa um aumento de 28,8% em relação a junho deste ano.

Esse cenário marca o maior índice desde o início da série histórica, em 2005. As micro e pequenas empresas (MPEs) foram as mais impactadas, somando 166 pedidos, o que representa 72,8% do total. Em seguida, vêm as médias empresas, com 43 pedidos, e as grandes empresas, com 19. O setor de serviços foi o mais atingido, demonstrando a vulnerabilidade dessas empresas na economia.

Além disso, no acumulado do ano até julho, 879 micro e pequenas empresas pediram recuperação judicial. Já os pedidos de falência em julho chegaram a 96, com as MPEs respondendo por 58 dessas solicitações. Esses números refletem as dificuldades enfrentadas por esses negócios, que sustentam grande parte dos empregos formais no país.

Falta de planejamento e dificuldade de acesso a crédito

Apesar do crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre de 2024, esse avanço econômico não foi suficiente para aliviar a situação das pequenas empresas. Conforme explica Thomas Law, presidente da APECC, “o ano de 2024 pode ainda apresentar um desempenho inferior ao de 2016, auge da recessão econômica.” Segundo o Sebrae, cerca de 6,9 milhões de empresas estão em situação de falência ou recuperação judicial, um número que tem aumentado desde 2021.

Para muitas micro e pequenas empresas, a carga tributária ainda é uma barreira importante. Embora a reforma tributária tenha sido recentemente aprovada, seus efeitos só serão sentidos a longo prazo. No curto prazo, a ausência de planejamento estratégico e a falta de capacitação dos empresários dificultam ainda mais a sobrevivência dessas empresas.

Além disso, dados do IBGE mostram que 60% das empresas fecham antes de completar cinco anos de operação. Entre as principais causas desse fechamento precoce estão a falta de capital, o desconhecimento do mercado e a ausência de estratégias financeiras sólidas.

A dificuldade em acessar crédito também agrava o cenário. Em 2023, 55% dos empresários buscaram crédito bancário, mas muitos não conseguiram obter condições favoráveis. Nas microempresas, 21% encerram suas atividades nos primeiros cinco anos, enquanto nas pequenas, esse número é de 17%. Para muitos desses negócios, o crédito justo poderia ser uma medida para evitar o fechamento.

Programas de apoio e renegociação de dívidas

Para amenizar os efeitos da crise, algumas entidades têm se mobilizado para apoiar os pequenos empresários. A Associação Paulista dos Empreendedores do Circuito das Compras (APECC) é uma delas, oferecendo suporte técnico e programas de capacitação.

Por meio de palestras e seminários, a APECC também tem informado seus associados sobre programas de renegociação de dívidas, como o Refis e o PERT. Recentemente, a entidade também destacou o “Desenrola PJ”, uma iniciativa do governo federal que busca facilitar o acesso ao crédito em condições mais acessíveis. Segundo Law, “o Desenrola PJ se diferencia por focar nas micro e pequenas empresas, oferecendo alternativas de crédito personalizadas e viáveis.”

Capacitação e fortalecimento das micro e pequenas empresas

Investir em capacitação técnica é um dos caminhos defendidos por Thomas Law para enfrentar a crise. “Em agosto, a APECC iniciou um diálogo com a diretoria do Sebrae-SP, buscando uma parceria para fortalecer a capacitação dos associados”, afirma Law. Esse diálogo pretende oferecer programas de qualificação para ajudar os empresários a superar a falta de conhecimento em gestão e finanças.

Assim, a parceria entre a APECC e o Sebrae-SP visa apoiar o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, contribuindo para que elas enfrentem os desafios do mercado com mais segurança.

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