Mundo
Venezuela sobe o tom e acusa Itamaraty de tentar “se passar por vítima”
Mal-estar entre países ocorre desde que o Brasil passou a solicitar as atas eleitorais da votação para presidente da Venezuela


A Venezuela acusou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil de “se passar por vítima” e violar os princípios da Carta da ONU. A declaração ocorre após o Itamaraty publicar uma nota pontuando que as ameaças da Polícia Nacional venezuelana nas redes sociais são “ofensivas” ao governo Lula.
O texto divulgado na sexta-feira pelo Itamary é uma resposta direta a publicação venezuelana, aludia ao presidente Lula e à bandeira brasileira com a frase: “quem mexe com a Venezuela se dá mal”. O informe destaca que a Venezuela optou deliberadamente por “ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos”, o que não corresponderia a diplomacia brasileira.
Na nota, o Ministério aponta que o Itamaraty empreendeu uma “agressão descarada e grosseira” contra Nicolás Maduro “numa campanha sistemática e violadora dos princípios da ONU” ao interferir em assuntos internos do governo.
“O governo bolivariano aconselha, uma vez mais, à burocracia do Itamaraty a desistir de imiscuir-se em temas que só competem aos venezuelanos, evitando deteriorar as relações diplomáticas entre ambos os países, para o qual devem assumir uma conduta profissional e diplomaticamente respeitosa, tal qual demonstrou a venezuelana por meio de sua política externa”, destaca o final do texto.
O caso faz referência ao posicionamento do Brasil sobre a conturbada eleição para presidente na Venezuela,
As declarações de ambos os países escalonam um mal-estar que já vinha crescendo desde que o Brasil passou a solicitar, assim como os governos de outros países, as atas relativas às seções eleitorais da votação para presidente da Venezuela, realizada em julho.
O clima piorou ainda mais depois da após a exclusão da Venezuela da lista de novos integrantes do Brics, decisão apoiada pelo Brasil e que levou Caracas a acusar Brasília de “agressão” e a convocar seu embaixador de volta.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.